mandinga

March 18, 2008

Vai me calar ? Eu arredo minha antena !

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES — mandinga @ 8:36 pm

 


Transcantos da mandinga ao parceiro dragão. Ou, o dia em que eu e a
Radiola FM resistimos aos representantes dos capitalismos uniceubianos
e nossa liberdade de consentida, passou a conquistada!

 


Dia 23 de abril, dia de mandinga ! Festa na Terra pro guerreiro
vencedor das demandas. Era ele em sintonia, era meu mano, meu santo,
mano era eu. Uma chamada: ouvinte e programadora saravando ! Os ventos
sopraram, vieram me avisar: "abri os ói, buraco véi tem cobra dentro".
Mas se cobra me morde meu veneno é mais forte… tenho sete espadas pra
me defender. Cada um dos meus 250 mil óvulos, a grande célula, feitos
antes d’eu nascer, são liberados de tempos em tempos: uma força !

Me arrefiz de minha história. Geri e pari em 102,7 FM.É um sentido de
pertencimento a este mundo e constelações de vozes desde o ventre. Me
fiz Radiola, nuns cantos livres ! Mas diziam de três saúvas que eu
tomasse temência: ANATEL (cruzes ! nomão abestalhado véi !), POLICIA
FEDERAL (égua ! palavrão fei da peste)e a Reitoria (urgh ! troço
peçonhento da gota).
Por isso, sempre preparava umas esquivas e
queimava vez em quando umas brasinha, que era pra ver se mantinha as
pragas acolá. E assim era noite de encantos na mesa operando, e era
formosa de carne-e-osso, na roda dos planos de manas toda virada da
lua. Era de dentro, era de fora: voluntária!
 
E no plural um
varal: cada célula um programa, uma história. Um causo – causa: meu
coração pulsa sem $ifrão.Vieram me chamar pra roda, eu saindo de
Aruanda me acomodei livremente e segura. Mas logo percebi uma sarninha.
É que eu tinha um parceiro, daqueles que troca as cousas. Trocava P2
por RCA e eu alertando : isso não encaixa, isso silencia, isso é
bestagem…Daí deu preguiça e assuntei o parceiro:ei, me deixe seguir
livre ?
 
Eu tive que perguntar porque quanto mais o tempo passava
, mais meu parceiro se punha a me usar. "É um trocado que eu careço de
ganhar", ele entoava. "Se assossegue parceiro", eu tratava de acalmar:
"desse mundo eu já pertenço e trocado quero negar !" Porque já era
formosa livre de carne e osso ! E ele retrucava: "não sabes se
organizar !" E assim o tempo passava nessa granguena !
 
Mesmo
vindo ao mundo torta, eu já tinha asas pra voar. Sim ! Nasci da costela
do meu parceiro, pra mó dele ganhar uns tostão, mas num demorô e minhas
asas apontaram. E virei muitas, tantas vozes e donas, que meu parceiro
resolveu me livrar. E assim deixou batizar: livre ! Ele consentia , me
apropriei da ventania e me lancei nas ondas do ar !
 
De vez em
quando, me alembrava das saúvas e meu parceiro a me espiar… Mas o
mundo volta deu e o parceiro perdeu fé nas saúva e foi-se providenciar,
porque daquela liberdade farturada começou a incomodar. Aí principiou a
sarnar, disse pra eu falar o que ele queria. Eu lancei umas esquivas
que guardava pras saúvas. Ele se enfesou e nomeou alguém pra me
coordenar. Ai, ai, ai ! Isso era um derrame nas minhas transmissões,
meu coração bate porque sou autogerida e autônoma !
Daí, tive que
soltar uma esquiva bem certeira, porque essa do coordenador foi braba !
E o parceiro ficou bem parecido com saúva, um reprodutor delas ! Avisei
que ia saltar de banda daquelas prosas e as máscaras do meu parceiro
foram caindo. Era abobado e vazio, uma barreira pras minhas ondas. Foi
aí que mandei: "sai pra lá com sua bocona de mandos e desmandos" !
 
E o
$ifrão caiu na rede. E o parceiro-bicho-desmascarado se enfesou de vez
!
Quis logo me rebatizar, mas eu já formosa-livre… então livre
era ! E ele se enfurecera sem controle e aos sete ventos me excomungou.
E eu ? Eu na Aruanda, saravando, preenchendo a existência, noutras
conexão ! Meu parceiro veio na roda e trouxe dragão presidente (cruzes
nomão feio !)e ainda trouxe dragão promoter (égua bicho cheio de
$ifrão), e eram 3 de cada espécie.
 
E lá estava eu na demanda !
Minhas vozes e corações pulsavam no ventre. Era uma ciranda
rádiogerida.Eu transmito ! Eu movo ! Eu inspiro ! E meu parceiro ? No
apagão… aéreo. Arre, tô fora do apagão! No mesmo dia dessa roda, as
saúvas tinham comprado umas páginas nos jornais pra dizer que o apagão
vem da minha transmissão ! Diacho ! Quer bicho mais enganador que saúva
com jornal ? Uma peste, mundo confuso…
 
Eu ? Veredas ! Apagão
deixava pros $ifrão. Corria nos ventos, nas estradas, sintonias. Ah !
conquistei ! Conquista de frequência, num era mais consentida. E de
liberdade meu seio jorrava e tinha era gente se lambusando e mamando,
numa festa arretada de boa !Quer saber, acho que essa foi a causa-causo
que fez meu parceiro levar os dragão pra roda !
E bichão
presidente (arre!) cuspiu logo fogo: "se feche dessa liberdade, seu
parceiro é dono que manda" ! Bichão promoter (vixe) deu outra cusparada
medonha: "a sinhora está fora ! Está expulsa" ! Agora eu ali… vinda
de aruanda, com parceiro e os dragões em nome do $ifrão, a me atacar
!Abri logo o microfone: isso é golpe !!!
 
E
espanta-mor-d’eu-compreender: num era golpe das saúvas não ! Era golpe
do meu parceiro !! Tinha perdido a cabeça por causa do $ifrão ! Mas me
calar ? Isso ele não ia não ! Resolvi falar a língua dos dragão (era
voluntariamente vetado esse idioma em nossas rodas). Mas na hora que as
máscaras do parceiro caíram, pensei que essa fosse a solução. Afinal,
eles nunca iam nas rodas e não sabiam o radiolês.
 
Logo depois das
cusparada dos dragão, eu disse pra um dos dragão presidente:" vai tomar
no …" – que traduzindo pro radiolês: larga mão de bestagem, aqui
ninguém manda, é coletivo !Aí peguei o dragão promoter que vinha de lá
com as brasas-gosmeira:"seu filho da …" – que traduzindo pro
radiolês: entra quem quiser entrar, vem moça e minino e tudo que quiser
jogar !
 
Mas aí os dragão e o parceiro viraram um bichão maldoso !
E eu percebi que a língua dos dragão só fazia a roda virar coisa de
promoter-presidente. Daí voltei pro radiolês. Aí o parceiro disse que
nossa relação era uma caracu. Eu já ia achando aquilo de cerveja preta
bonit…, quando ele começou a chicotear $ifrão, cartilha, linha.Eu
bamba só sabia da ginga-curva e disse que na linha do parceiro eu não
seguia.
E a coletiva na ativa vibrando. O parceiro gritou:"já
tinham me avisado, quando saiste da costela que você ia me dar
trabalho, minha inimiga !" Daí que os dragões danaram a soltar as
labaredas: "tá expulsa, uma advertência pra danada, bora chamar a
segurança pra bicha …" Jacaré se queimou ? Nem eu !
 
O coletivo
virou um escudo e cada voz amansava dragão e dragão foi mansando e
ficando zonzo… e eu livrona ! Me dolori pra valer quando parceiro fez
uma das vozes moça chorar com suas bestagens ! Aí ele disse que não me
queria mais, e eu disse que por mim ele deveria era procurar outra
estação, são tantas pra ele ganhar uns $ifrão ! Aí ele fechou a roda,
supondo que eu voltasse de novo pra sala dele. Com medo das saúvas me
pegar…
Mas eu tava danada de livre e as vozes que eram escudo e
espada e coletivo disseram que essa causa-causo de linha e $ifrão era
coisa de outra estação. Pois eu cada vez mais danada de livre pensei
que parceiro machão é coisa de outra estação ! Sintonizei minha
freqüencia e deixei fluir a operação… vou por umas luas ficar
virtual.
Foi assim que subi no cavalo branco do santo-mano,
vencendo os dragão ! E o parceiro quando tomou apreço da sala viu que
eu era livre,livrona.Num era brinquedo dele não ! E as vozes, os
coletivos, as autogestão tão paridos, amamentados e transmitindo em
celebração !

BSB, 25 de abril de 2007

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