mandinga

October 29, 2010

aruandanças

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 6:59 am

Basta ser honesta, e desejar profundo ! dedicação ao amor !

October 21, 2010

Acordes

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 7:39 am

Mais um encontro para estudos com a mestra Ellen Oléria. Me impressiona a didática, me impressiona o canto espontâneo solto na fala, me impressiona o cuidado comigo e consigo, me impressiona a leitura de mundo. Ela conta um caso lindo sobre o pai, daquele jeito que só quem traz no peito o bom da vida sabe contar…

Hoje, o preto velho me impressionou. Me perguntou como está meu coração . Eu respondi que de tanto apanhar não consegue nem ficar em pé. Daí ele disse, quem tem muito amor pra dar sempre se levanta. Tens muito pra dar, apenas isso. Muito amor pra servir. Quem cai é quem não tem nada no peito, a ponto de nem conseguir receber, perceber… nem se conectar com o essencial.

Mas, voltando pra Ellen essa preta velha nova. Diva no meu tempo. Desde que a terra tremeu em nosso primeiro encontro para estudos musicais, seguimos marcando a sintonia em surpresas incríveis.

Com ela saio do espaço. A Ellen me leva a muitos lugares. Acessamos poucas fronteiras, tem coração, reflexão, qualidade e tesão em música. Ela “É” daquilo… Ali dedilhando as horas vou com ela das emoções abertas aos valores fechados. Temos regras: a de nos expressar pelo toque,e de nos alimentarmos em cantos. Com ela eu brinco o encantado ! (Aliás vo fazer um outro parêntese sobre essa expressão – minha amiga Rai costuma me perguntar se vou brincar o encantado, quando quer se referir as minhas idas ao terreiro. Muito bom ver a espiritualidade ser significada como uma brincadeira… encantada, ponto ao Norte). E se no primeiro encontro Ellen me fala até dos caruanas (entidades encantadas das águas do marajó – PA) nesse ela me traduz que musicalidade na vida passa por instrumento de ritmo, de melodia e de harmonia.

Nossa bastou isso preu decolar em metáforas! Do quanto era da harmonia, enquanto meu bem quando se tocava era pra marcar ritmo. E bem fora de compasso… E vou no enredo, penso no quanto me sinto o violão encostado na parede da sala. E que pra tocar vai ter de ser afinado antes. E quem sabe precise até de um novo encordeamento, pra vibrar melhor, né?

Montamos as escalas e acordes. Fim de aula. Aterriso: final da monotonia. Vendaval, o terremoto agora são nos meus sentidos. Tomo um pingado.Desço pra terceira avenida, caminhando pra digerir. Ali já avisto um negro alto de muita luz. Ele fala, em yorubá e sinto a força dos anjos. Já me derramo em lágrimas. Ali ao alcance: Akin. Filho do culto original, da península de Osun, na Nigéria. Professor de Yorubá, agradecemos juntos aquele encontro. Entre livros e utensílios ele fala da missão aqui no cerrado, da força do bem, da comunicação e da cultura. Ele é a mãe – áfrica num pedaço de homem. E todas minhas dores se curaram e uma chuva de gotas douradas lavaram.

Akin sabe do meu sonho de banho no rio, de caminhar pelo templo, da mamãe soberana, na sua terra matriz. Além de saber meus sonhos, começamos outros sonhos juntos. Fui coroada por muitas rainhas. Segui ao tempo, e lembrei de muitas intervenções da minha Deusa, em meus cursos, discursos e recursos.
De quando me levou por 5 dias pelas águas do Rio Negro, aquele espelho na superfície e banho âmbar no mergulho. A minha mãe Oxum que me acorda em sono, em sonhos, para dar de mamar a sabedoria. E sabedoria requer dedicação e humildade.

Sai do Akin saboreando os milagres candangos. Ali no Núcleo Bandeirante, onde candangos acamparam pra construir a nova capital. Bem por ai, decidida a construir um novo caminho com as maravilhas que me ofertam. Muita gratidão a ancestralidade e nossa conexão. Vale conferir a loja do Akin chama Oje Oja – o mercado da prosperidade – na terceira avenida, Núcleo Bandeirante – DF. Saravá !

vem de aruanda

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 7:30 am

Uma linda Lenda Yorubá

riquezas de uma tradição oral de 18 mil anos!

“Conta uma tradição oral de matriz africana que no principio havia uma única verdade no mundo. Entre o Orun (mundo invisível, espiritual) e o Aiyê (mundo natural) existia um grande espelho. Assim tudo que estava no Orun se materializava e se mostrava no Aiyê. Ou seja, tudo que estava no mundo espiritual se refletia exatamente no mundo material. Ninguém tinha a menor dúvida em considerar todos os acontecimentos como verdades. E todo cuidado era pouco para não se quebrar o espelho da Verdade, que ficava bem perto do Orun e bem perto do Aiyê.

Neste tempo, vivia no Aiyê uma jovem chamava Mahura, que trabalhava muito, ajudando sua mãe. Ela passava dias inteiros a pilar inhame. Um dia, inadvertidamente, perdendo o controle do movimento ritmado que repetia sem parar, a mão do pilão tocou forte no espelho, que se espatifou pelo mundo. Mahura correu desesperada para se desculpar com Olorum (o Deus Supremo).

Qual não foi a surpresa da jovem quando encontrou Olorum calmamente deitado à sombra de um iroko (planta sagrada, guardiã dos terreiros). Olorum ouviu as desculpas de Mahura com toda a atenção, e declarou que, devido à quebra do espelho, a partir daquele dia não existiria mais uma verdade única.

E concluiu Olorum: “De hoje em diante, quem encontrar um pedaço de espelho em qualquer parte do mundo já pode saber que está encontrando apenas uma parte da verdade, porque o espelho espelha sempre a imagem do lugar onde ele se encontra”.
Portanto, para seguirmos a vontade do Criador, é preciso, antes de tudo, aceitar que somos todos iguais, apesar de nossas diferenças. E que a Verdade não pertence a ninguém. Há um pedacinho dela em cada lugar, em cada crença, dentro de cada um de nós.”

Zumbi na Jamaica: Nanny !

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 6:12 am


Já faz umas luas que Nanny caiu no meu caminho. Matriarca da revolução quilombola na Jamaica, heroina da resistência naquele país, dai hoje pesquisando a diaspora vi que esta fantástica mulher tem até homenagem no site BR da embaixada jamaicana… “eu quero ver quando nanny chegar, nanny é senhora das guerras, senhora das demandas,q uando nanny chega, é nanny é quem manda… eee.. angola, congo, benguela… ”

As revoltas dos quilombolas jamaicanos (maroons) foram intensas de 1655 até 1830, com um suporte religioso considerável de práticas africanas ancestrais, de respeito a memórias dos antepassados, perfazendo um grau elevadíssimo de auto-estima em ser africano em uma diáspora forçada. Os escravizados africanos na Jamaica são considerados por alguns historiadores como grandes revoltosos.

Saravá Nanny !

tai o texto da embaixada

Nanny dos Maroons

Nanny dos Maroons viveu aproximadamente há 250 anos atrás, morrendo em 1750. Os seus antepassados eram de Asante na África, país conhecido hoje como Gana. Na sua época, a maioria dos africanos na Jamaica eram escravos levados para trabalhar nas plantações de açúcar.

Na ocasião, a Jamaica estava sob domínio inglês, vários escravos eram libertados pelos espanhóis para evitar que eles caíssem nas mãos dos ingleses. Esses escravos eram conhecidos como Maroons.

Nanny não era uma escrava, mas conduziu muitos Maroons para as colinas em Portland, lugar que passou a se chamar Nanny Town. Os fazendeiros queriam esses escravos de volta, as forças coloniais invadiram as colinas e Nanny, junto com os Maroons tiveram que combater estes soldados para continuarem livres.

Os Maroons não tinham muitas armas, as poucas que possuíam foram capturadas dos soldados mortos. Eles eram muito bons em lutar nos arbustos, sua principal estratégia era colocar armadilhas e se esconderem esperando os soldados das forças coloniais até os pegarem de surpresa. Enquanto os Maroons estavam lutando para proteger Nanny Town, as mulheres plantavam e cultivaram comida. Todo mundo tinha trabalho para fazer.

Nanny Town ficava escondida nas colinas, mas no fim as forças coloniais acabaram a encontrando e a tomaram, Nanny e os Maroons para não serem capturados fugiram para o outro lado das colinas. Durante algum tempo, as forças coloniais mantiveram Nanny Town sobre controle e chegaram até a construir um pequeno forte. Mas nanny e os Maroons retornaram de surpresa e pegaram os soldados desprevenidos e tomaram de volta Nanny Town.

Nanny era uma das lutadoras mais importantes para liberdade e independência dos seu povo. Em Asante, na África, Nanny se tornou “Rainha Mãe”(uma espécie de Mãe do povo), além de líder político e religioso. Nanny era muito poderosa, algumas pessoas diziam que ela trabalhava com magia.

Os Maroons da Jamaica oriental e Central queriam entrar em acordo com os ingleses, mas Nanny não queria. Os ingleses então persuadiram seu líder para assinar um tratado de paz.

No fim, os ingleses deram a Nanny e ao seu povo terras em um lugar chamado New Nanny Town, que passou a se chamar Moore Town.


espia o video

ventre de indiana noma: Célia Lima

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 5:49 am

Uma das vozes mais presentes que já acessei. Uma das mulheres mas bacanas com quem já bebi. Tive a sorte de celebrar o aniversário dela em minha casa. Tenho a sorte de morar na cidade, onde ela apresenta um programa sagrado sobre jazz : o anjos da noite, na cultura fm.

Hoje, Indiana me surpreendeu compatilhando esta foto com os seguintes dizeres:

O que faz a força de uma mulher:
Nesta foto, minha mãe Célia Lima como comandante de uma tropa de brigadistas pós revolução sandinista, se preparando para entrar na luta a favor da alfabetização nacional em Nicarágua 1980.Naquele ano, todos os cidadãos nicaraguenses foram alfabetizados.
Mulheres avante! Sempre!

Saravá !

October 15, 2010

DÁ UM TROCADO ?

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 7:13 am

Desperta, sem memória alguma de sono assim. Era estado da graça ao corpo. Devagarzinho pousa, rebobina as sensações, dá volta ao tempo. E voltas ao tempo são por imagensemoções. E de algum modo causa a incerta sobre o que é real, ou não. Volta ao tempo é filme. Mas, apura e certa da verdade: viveu o amor ! Passou horas da mais bela e imprescindível vivência. Foi numa quarta, noite, tempo que sacava o tempo, pela quarta. Por algumas horas, o amor. E ali avulsa sobre os lençóis ainda vibra na sagrada força. O co-autor sequer deixa rastros, como veio, foi… vento. Fartura de belezas e do indizível. Uma hora chega, Uma hora faz, Uma hora cansa, Uma hora passa, Uma hora vai. Retoma cada segundo, cada coincidência, cada riso. Muitas notas que compôs do que escapa ao roteiro. Lambuza.

Luas depois… cheia, numa quarta, vem de lá o co – autor, ao alcance ! Sentia mais coração que o resto. Do corpo até cheiro, toque e língua… ah ! a língua de tão sabida encontrava a outra numa dança divina. E era mel, aos favos de essências. Desde o encontro: versos de paixão eram como saliva, natural e constante. E todas as músicas de amor eram dele e gaguejava quando o catucava na prosa virtual. Gaguejar virtualmente era algo novo, experiência vivida. É assim o tempo do amor. Vivências em vísceras… marina tudo… e se reconhece pelo peito. Como a um outro, um amigo, um parente se reconhece pelo tempo /espaço compartilhado. No encontro de amor se reconhece pelo que se tem no peito.

Fato é que presente ali estava. Ter co-autor desta festa de sentidos ao alcance, tornava aquela “a” quarta. Preparou tudo, do espaço ao tempo. Pediu forças para usar as palavras certas. Arranjou aqui e ali, mas… as palavras teimam a trocar. As notas, o ritmo. Trocou as palavras.E pra fechar quando queria ter dito o sim, mais sim, da vida… teve que dizer: não. Trocou. Mas, teve. Não! Dor. E assim saiu desafinada a noite mais esperada de uma existência. Dissolveu o desfecho. Banhou, refogou, dorou… mas o coração ainda batia. Ai, pôs de molho. Passado. E tome uma dose de coragem, pra trocar as horas. Dó por sol.

Sol Maior. Calorão no centro e lá vai atrás de troco.Trocar. Ou, possíveis. Chama olhador, flanelinha, carroceiro, da rua o morador. Ei moço, dá um trocado ? Troca ? 200, 100, 50. Uia, quanto trocado! Além da satisfação da quantidade de moedas – que lhe facilita um bocado a labuta de ter que sempre dá o troco pra clientela – era muito prazeroso trocar dinheiro. Revolve esse prazer… Causa- de- que era boa aquela experiência ? Dai o sopro: trocava o papel. Ela quem precisa da brodagem. De inverter essa ordem. Social, econômica, subjetiva. In verso. Assim, trocar as notas, ou buscar o trocado era uma experiência encantadora.De inversão, de imersão em outras realidades, de mais experiência vivida. Dá – lhe trocado !

E num é que quase noite, do alto da rodoviária, torre a frente , esplanada por trás, com bola-lua de fogo pra nascer, mais seu Joaquim trocando as pratas, trocando a prosa… telefone toca. E notícia era de que conseguiu a permissão pra voltar a trabalhar, pra reabrir o bar-vida. Ela chora, agradece aos céus, vibra. Abraça seu Joaquim. E foi uma troca de chover, dançar e chorar. Ele por anos sem um abraço sincero. Ela pelo fim da batalha. Chove prata. A água leva. Troca e lava. Ele pergunta: ganhou na loteria, filha ? Quase…ou os sonhos não envelhecem. Esse sim é jogo pra ganhar: sonhos.

E sonhos não cabem nas urnas. O tempo era de eleger nas urnas. De escolhas, de políticos. Eleger… político: tai bicho danado pra trocar. Trocam muito bem os valores.Trocam muitos favores. Trocam muitos bens. Quando pede pelos impostos não representa, cobra. Quando deve direito, representa, recusa e ainda acusa. Assistindo um vampirão danado querer representar todas, de todo país, de muitas verdades, cantos, desejos, crenças,vontades. O danado quer se eleger em nome de mandar no ventre… de todas ??! Troca tudo ! Silencia sobre o necessário. E fala demais sobre negar a escolha, a saúde, a vida. Acusa e impõe. Troca quem é o autor do crime. Tai sua proposta de eleição: trocar o vivo, o possível, o necessário, a chance… pelo crime, pela dor, pela morte.Trocar ventre pelo voto. Experiência vivida.vertigem. Ai não. Não é não !

Do tempo de eleição, tinha carreira. Corria pra aliviar as verdades. Era direta, nada representativa. Trocava a fonte, descarregava o disco, mudava estação… primavera. Foi ao encontro de quem tocava. Parou. Recebeu o chamado algumas quartas. Da mais esplendida, da que sem encosto, encantava por completa. Permitiu e deu tempo: trocou algumas horas pelo caminho do canto. Descobriu o vento como idioma. A voz é pertencimento, pralém de instrumento. Trocou. Daquele encontro a Terra tomou nota e fôlego. Resolveu expirar, pra trocar. Terremoto ! Dali com a terra manifestando, a celebração partiu.

Coração reativou, afinal distância, medo, ciúmes, jogos não se pode trocar pelo amor. Amar é reconhecer a si mesma. Encanto.E a vida: compasso. E em cada encruza, em cada esquina, em cada sinal… dá um trocado.

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