mandinga

October 20, 2011

ASSATA SHAKUR – viva !

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 7:49 am

AO MEU POVO – Por Shakur Assata em 1973

Por Shakur Assata em 1973

AO MEU POVO

Irmãos negros, irmãs negras, eu quero que você saiba que eu te amo e espero que em algum lugar em seu coração que você tenha amor por mim.

Meu nome é Assata Shakur ( meu nome escravo Joanne Chesimard), e eu sou uma revolucionária. Uma revolucionária negra. Com isto quero dizer que eu tenha declarado guerra a todas as forças aos que têm violado as nossas mulheres, nossos homens e que mantém os nossos bebês de barriga vazia.

Tenho declarado guerra aos ricos, que prosperam com a nossa pobreza, os políticos que mentem para nós com rostos sorridentes, e todos os estúpidos. Eu sou uma revolucionária negra e como tal, eu sou uma vítima de toda a ira, ódio, injúria e difamação que Amerika¹ é capaz. Como todos os outros revolucionários negros, Amerika estão tentando nos linchar.

Eu sou uma mulher negra revolucionária, e por isso eu tenho sido acusada e acusada de qualquer suposto crime em que uma mulher se acreditava ter participado. Os alegados crimes em que somente homens supostamente estejam envolvidos, eu tenho sido acusado de planejar. Eles estampam fotografias supostamente nas estações de correios, aeroportos, hotéis, carros de polícia, metrôs, bancos, televisão e jornais. Eles têm oferecido mais de cinquenta mil dólares em prêmios para a minha captura, e deram ordens para atirar para matar.
Eu sou uma revolucionária negra e por definição faço parte do Exército de Libertação Negra. Os porcos têm usado seus jornais e televisões para pintar o Exército de Libertação Negra como uma organização criminosa. Eles nós compararam a personagens como John Dillinger e Ma Barker. Deve ficar claro, deve ser claro para qualquer um que pode pensar ver ou ouvir, que são as vítimas. As vítimas e não criminosos.

Também deve ser claro para nós agora por que os verdadeiros criminosos são. Nixon e seus parceiros cometem o crime de assassinado de centenas de irmãos do Terceiro Mundo e irmãs no Vietnã, Camboja, Moçambique, Angola e África do Sul. Como foi provado por Watergate, os oficiais da lei de execução de nível superior neste país são um bando de criminosos mentindo. O presidente, dois generais de advogado, o chefe do FBI, o chefe da CIA, e metade do pessoal da Casa Branca têm sido implicados nos crimes de Watergate.

Eles nos chamam de assassinos, mas não matei mais de duzentos e cinqüenta homens desarmados Preto, mulheres e crianças, ou ferir milhares de pessoas nos distúrbios que provocaram, durante os anos sessenta. Os governantes deste país sempre consideram a sua propriedade mais importante do que as nossas vidas. Eles nos chamam de assassinos, mas não foram responsáveis ​​pelos 28 detentos irmão e nove reféns assassinados na Ática. Eles nos chamam de assassinos, mas não matamos e trinta estudantes desarmados Negro em Jackson State ou em outro Estado do sul, também.
Eles nos chamam de assassinos, mas não fomos nos que assassinamos Martin Luther King, Jr., Emmett Till, Medgar Evers, Malcolm X, George Jackson, Nat Turner, James Chaney, e inúmeros outros. Não fomos nós que assassinamos, por tiro nas costas, dezesseis anos de idade, Rita Lourenço, onze anos de idade Rickie Bodden, ou dez anos, Clifford Glover. Eles nos chamam de assassinos, mas não podemos controlar ou aplicar um sistema de racismo e opressão que sistematicamente assassinas pessoas negras e do Terceiro Mundo. Embora os negros supostamente compõem cerca de quinze por cento da população total da amerikkkan, pelo menos, sessenta por cento das vítimas de assassinato são negras. Por cada porco que é morto na chamada linha direita, há pelo menos cinquenta pessoas negras assassinadas pela polícia.

Há expectativa negra de vida é muito menor do que o do branco e eles fazem o seu melhor para nos matar antes de estarmos para nascer. Nós somos queimados vivos em armadilha de fogo.Nossos irmãos e irmãs são viciados diariamente em heroína e metadona. Nossos bebês morrem de envenenamento por chumbo. Milhões de negros morreram como resultado da falta de assistência médica. Isso é assassinato. Mas eles têm a audácia de nos chamar de assassinos.
Eles nós chamam de seqüestradores, mas o irmão Clark Squires (que é acusado, junto comigo, de assassinar um policial estadual de Nova Jersey) foi seqüestrado em 07 de abril de 1969, a partir de nossa comunidade negra. Ele foi absolvido em 13 de maio de 1971, juntamente com todos os outros, de 156 acusações de conspiração por um júri que durou menos de duas horas para deliberar. O irmão Squires era inocente. No entanto, ele foi seqüestrado em sua comunidade e família. Mais de dois anos de sua vida foram roubados, mas eles nos chamam de seqüestradores. Nós não seqüestramos milhares de irmãos e irmãs cativos em campos de concentração da Amerika. Noventa por cento da população prisional neste país são de negros e do Terceiro Mundo que não podem pagar fiança, nem advogados.
Eles nos chamam de ladrões e bandidos. Eles dizem que nós roubamos. Mas não fomos nós que roubamos milhões de pessoas negras do continente africano. Nós fomos roubados da nossa língua, dos nossos deuses, de nossa cultura, da nossa dignidade humana, do nosso trabalho, e das nossas vidas. Eles nos chamam de ladrões, no entanto, não somos nós que sonegamos bilhões de dólares a cada ano através de evasões fiscais, fixação ilegal de preços, peculato, fraude contra o consumidor, subornos, propinas e falcatruas. Eles nos chamam de bandidos, mas toda vez que a maioria das pessoas pretas pegam em seus salários, são roubadas. Cada vez que entramos em uma loja no nosso bairro estamos presos. E cada vez que pagamos nosso aluguel ao proprietário é como se colocasse uma arma em nossas costelas.
Eles nos chamam de ladrões, mas não roubamos e matamos milhões de indianos arrancando-lhe a sua pátria, em seguida, para ser chamados de pioneiros. Eles nos chamam de bandidos, mas não somos nós que estamos roubando a África, Ásia e América Latina, de seus recursos naturais e da liberdade, enquanto as pessoas que vivem lá estão doentes e morrendo de fome. Os governantes deste país e os seus lacaios cometeram algumas dos mais brutais crimes cruéis da história. Eles são os bandidos. Eles são os assassinos. E eles devem ser tratados como tal. Esses maníacos não são capazes de me julgar, Clark, ou qualquer outra pessoa negra nos tribunais da Amerika. Os negros deveriam e, inevitavelmente, deve determinar o seu próprio destino.
Toda revolução na história, foi realizada por ações é por todas as palavras necessárias. Temos de criar escudos que nos protejam e as lanças para penetramos nossos inimigos. Os pretos precisam aprender a lutar por lutar. Devemos aprender com nossos erros.
Cada vez que um negro lutador da liberdade é assassinado ou capturado, os porcos tentam criar a impressão de que eles têm anulado o movimento, destruindo nossas forças e acabando com a Revolução Negra. Os suínos também tentam dar a impressão de que cinco ou dez guerrilheiros são responsáveis por toda ação revolucionária na Amerika. Isso é um absurdo. Isso é um absurdo os revolucionários negros não caem da lua. Somos criados por nossas condições. Moldadas pela nossa opressão. Estamos a ser fabricado em massa nas ruas do gueto, lugares como a Ática, de San Quentin, montes de Bedford, Leavenworth. Lá são despejados milhares de nós. Muitos veteranos desempregados negros e mães estão unindo nossas fileiras.
Irmãos e irmãs de todas as esferas da vida, que está cansado de sofrer passivamente, compõem a America negra.Há e sempre será, até que cada homem negro, mulher e criança seja livre. A principal função do Exército de Libertação Negra, neste momento é criar bons exemplos, a luta pela liberdade dos negros e se preparar para o futuro. Temos de nos defender e não deixar ninguém desrespeitar conosco. Devemos obter a nossa libertação, por qualquer meio necessário.

É nosso dever lutar por nossa liberdade.
É nosso dever de ganhar.
Devemos amar uns aos outros e apoiar uns aos outros.
Não temos nada a perder senão as nossas cadeias.
Nota
Assata Olugbala Shakur nasceu em 16 de junho de 1947. Iniciou seu envolvimento com a luta política enquanto jovem em 1967. Aderiu ao Partido Pantera Negra, e passa a se tornar uma destacada militante da organização, no entanto discorda de algumas diretrizes do partido. Reclamando sobre a postura machista existente no interior do partido. Por essas questões decidi romper com o partido e continuar seu ativismo em 1971 aderiu á República Nova Afrika uma organização que reivindicava a criação de um Estado- nação composta apenas pela população negra. Em 1979 sua consciência revolucionária de aprofunda ainda mais, e entra para as fileiras do Exército de Libertação Negra uma pequena organização que defendia a luta armada sendo constituída por Panteras Negras dissidentes que romperam com a direção do partido por considera – lá inclinada ao reformismo social em detrimento a luta revolucionária radical. O Exército de Libertação Negra efetuou algumas ações guerrilheiras escolhendo como alvo principal forças policiais juntamente com expropriações de bancos para arrecadação de recursos para a continuidade da luta. Sobre isso e desenvolvida uma violentíssima repressão sobre seus integrantes que passam a ser caçados como terroristas. Em 1973 em conjunto da companhia de alguns camaradas envolve-se na troca de tiros no qual uma policial de nome Foerster Werner e morto, Assata também e ferida a bala. Presa foi levada a julgamento sobre as acusações de assalto a bancos, seqüestro, homicídio. Seu julgamento ocorre sobre “cartas marcadas” no qual mesmo antes do veredicto final já se sabia que a mesma seria condenada. Isso acaba por ocorrer. Mesmo sobre a condição de cárcere, planeja e executa com a ajuda de aliados um plano de fuga. Sem possibilidade de permanecer nos EUA parte para o exílio em Cuba a onde é acolhida com fraternidade e recebe toda proteção necessária. Atualmente Assata Olugbala Shakur permanece em solo Cubano, apesar das insistentes pressões do governo dos EUA para que Cuba a extradite.
*1 A escrita de America com ”K” ou com essa mesma letra repetida três vezes e uma expressão usada em referência a Ku Klux Klan. Combatentes antiracista a usam para definir que a estrutura de poder dominante no EUA será inexoravelmente racista mesmo que aja a concessão de “direito” sobre a jurisprudência legal e cívica.

P.Kassan 12/06/2011 – Consciencia Revolucionaria

January 8, 2011

Baderna !

Filed under: General,PERSONAGENS — mandinga @ 5:22 am

BADERNA – Bagunça, confusão, bando, corja. A palavra tem origem no nome da bailarina clássica italiana Marietta Baderna. Em 1849, ela emigrou para o Brasil, fugindo de lutas políticas na Itália. Quando começou a se apresentar em teatros do Rio fez um grande sucesso, por ser muito talentosa. Marietta não gostava de injustiças. Chegava a brigar com empresários teatrais para defender colegas seus que eram menos famosos. Sempre que podia, ia para o centro do Rio, onde dançava junto com os escravos a dança preferida deles, que era chamada de umbigada. Com essas atitudes, começou a ser perseguida pelos donos de teatros, que não renovavam seu contrato. Os jovens do Rio, apaixonados por ela, iam às peças e começavam a vaiar e bater os pés no chão para protestar contra as perseguições a Marietta. Chegavam a interromper os espetáculos no meio. Foi por essa razão que seu nome acabou virando sinônimo de bagunça, confusão.

November 26, 2010

hospital psiquiatrico

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General,NA AVENIDA,PERSONAGENS — mandinga @ 6:04 am

… fim da violência contra mulheres, em especial nos hospitais psiquiátricos !

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General,NA AVENIDA,PERSONAGENS — mandinga @ 5:47 am

Mandinga ! Passei meses acompanhando de perto este caso que relato abaixo. Muito pouco se fala sobre a realidade das mulheres nos hospitais psiquiátricos. Acompanhei MHRA durante as semanas que passou no HPAP no DF. Nestes dias ela foi humilhada, usada para experimentações da equipe médica do “hospital”, agredida, roubada e por fim, estuprada. Sem a menor chance de defesa. Por todas as que estão nos hospitais psiquiátricos, segue este relato. Ao combate ! #fimdaviolenciacontramulher

RELATO DE CASO – ” eu não sou tão biruta assim”

A MHRA, 39 anos, foi internada no Hospital de Pronto-Atendimento Psiquiátrico (HPAP) em Taguatinga – DF, no dia 12 de junho de 2010. Eu, SAL, sobrinha da paciente, sob orientação de um psiquiatra externo que iria consultá-la naquele dia, levei minha tia para avaliação no pronto-socorro do HPAP, pois há 3 dias estava muito agitada, agressiva, desorientada, logorréica, disártrica, sem dormir e sem se alimentar. Na ocasião ela fazia uso das seguintes medicações: Risperidona 3mg, Topiramato 150mg, Meleril 300mg, Trometazina 25mg e Dormonid 15mg (caso insone). Esse esquema terapêutico foi prescrito pelo psiquiatra da Mansão Vida que tinha dado alta a ela há 5 dias. O médico que nos atendeu no HPAP disse que seria necessária a internação para ajustar as medicações e tentar tirá-la da crise, e informou que normalmente seria uma internação breve.

Vale ressaltar que MHRA sempre apresentou um retardo mental, com dificuldades para o aprendizado formal da escrita e cálculos, porém sempre foi funcional para as atividades de vida diária, tranqüila, comunicativa. Ela tomava medicações controladas, mas sua mãe uma senhora de 83 anos, muito simples, achou que ela estava dormindo muito e engordando e sem consultar ninguém, retirou o Diazepan , motivando o início da crise que motivou a sua primeira internação. ela foi lavada à Mansão Vida porque seu irmão conseguiu um considerável desconto por ter sido segurança lá. Porém, quando ela c omeçou a dormir e a diminuir a agressividade, recebeu alta.

No HPAP, ocorreram vários fatos graves para sua segurança pessoal: seus pertences e roupas íntimas foram roubados, ela foi agredida por outra interna e teve sua prótese dentária roubada; recuperamos a prótese com outra interna em troca da promessa de uma carteira de cigarros; depois ela sofreu abuso sexual por parte de outra interna, inclusive observamos as marcas em seus seios. Questionamos a equipe sobre o fato ocoorido e recebemos como resposta que infelizmente não era possível controlá-las o tempo todo. O médico disse que era provável que tivesse ocorrido e que não seria nem a 1a, nem a útlima vez, pois as pacientes são mutio erotizadas.

Todos os dias íamos na visita e observávamos MHRA piorando. Solicitamos a alta, pois quando questionamos a sua não evolução, fomos informada de que ela na verdade, recusando os medicamentos via oral e que os medicamentos injetáveis não foram administrados porque estavam em falta. Mas, para nossa surpresa, ninguém solicitou que comprássemos esses medicamentos. E ao pedir a alta fomos informadas (eu e minha mãe) que a alta poderia ser concedida porém sem a prescrição médica. Achamos um absurdo, pois leigamente sabemos que um doente psiquiátrico não pode estar o tempo todo interrompendo e reiniciando novos esquemas terapêuticos.

Isso ocorreu no dia 24 de junho no final da tarde. O médico nos encaminhou para o serviço social, pois solicitamos então a possibilidade de acompanhá-la direto, alegando que ela não tinha nenhuma condição de defender-se dos riscos que estava exposta, pois seu retardo mental agora estava num grau grave. Após esperar uma hora, a assistente social saiu sem nos avisar por um motivo de emergencia. Mas outra funcionária conversou com alguém que autorizou o acompanhante para minha tia. Permaneci lá 5a, 6a, sábado e domingo até por volta de 20-21h, todos os dias. A enfermeira de plantão da sexta (25.06) estava preocupada com minha segurança em permanecer ali e pediu para eu conversar novamente com o médico de plantão sobre a possibilidade de alta a pedido.

Este médico, me disse que poderia conceder a alta e a prescrição na segunda-feira (28.06), caso ela viesse a aceitar e seguir a nova prescrição que ele faria. Tal prescrição consistia em 40mg de Olanzapina dividido em duas ofertas diárias, via oral, e Neozine a noite caso insônia. Comprometi-me a ficar lá pra ofertar os comprimidos pois a equipe referia que ela recusava quando eles ofertavam. Garantiu-me que os outros médicos não mudariam essa prescrição, mas me alertou que cada um tem um racicocínio diferente. Na 6a e no sábado a medicação veio certinha e a paciente aceitou sem dificuldades. Quando retornei ao HPAP no domingo cedo, fui me informar se ela havia tomado a medicação das 8h e para minha surpresa, não havia sido administrada pois estava em falta. Perguntei por que não me avisaram e pediram para comprar. Fiquei indignada, todos me viam ali, durante todo o dia; quando eu ia embora, avisava a equipe, mas ninguém avisou que faltaria o remédio novamente.

A enfermagem pediu para eu conversar com o médico de plantão mas me disse que aquela medicação estava errada para minha tia pois ela tinha retardo mental e que a medicação que tinha sido ofertada nos dias anteriores na verdade era de outro paciente. Achei completamente errado o que estava acontecendo e fui esclarecer com o médico. Eu estava bastante indignada e minha conversa com o médico não foi fácil; ele começou a gritar e estava visivelmente descompensado. Disse que não conhecia o caso da minha tia, que não acompanhava ela, que estava de plantão só de final de semana e que não podia fazer nada se o remédio havia acabado, que não podia adivinhar que eu poderia comprar a Olanzapina e já havia prescrito um novo esquema terapêuico.

Nessa altura minha tia já tinha tomado a 1a injeção de Aldol do dia, pois estava extremamente agitada. Após nós dois nos acalmarmos, ele prescreveu os medicamentos para eu comprar e propos um novo esquema com a Olanzapina, agora de 10mg ao dia, com Aldol de SOS para agitação, Ibupril para dor (ela está no período pré-menstrual) e Neozine caso insone. Coloquei todas as minhas queixas pontualmente a ele e novamente negociamos a alta a pedido. Ele me pediu para assinar o documento de alta a pedido. Assim eu o fiz, mas informei que só poderia retirá-la a partir de hoje, pois estava sem rede de apoio para onde levá-la. Ele concordou que eu poderia levá-la na segunda, mas avisou que seria outro médico que estaria de plantão. Este médico, também me orientou sobre a necessidade de fazer exames de investigação, pois ela poderia estar com alguma outra coisa causando dor e devido ao retardo e a esquizofrenia, ela não conseguiria expressar corretamente.

Perguntei se poderia colher o sangue lá, ele me informou que não tem laboratório no HPAP. Me orientou também sobre o risco da Olanzapina desenvolver diabetes e eu o informei que a mãe da MHRA é insulino-dependente. No decorrer daquele domingo, ela ficou muito mais agitada e precisou da 2a injeção de Aldol. Tomou o comprimido de Fernegan, sem dificuldade. Porém, o que ocorreu foi mais agitação, com mais confusão mental, circunlóquios, perseverações e heteroagressividade. Fui manejando com dificuldade para tentar avitar uma contenção. Deu certo. Sai de lá e outra tia (irmã da paciente) ficou com ela até 20h. Na segunda-feira, soubemos que durante a noite como a agitação aumentou, ela precisou ser contida. Durante o dia da 2a feira, ou seja, hoje, foi contida novamente e quando a acompanhante chegou, a encontrou toda urinada, amarrada na sala de contenção.

Minha família que estava se organizando para levá-la para casa e continuar o tratamento prescrito agora está com muito medo e acreditando que ela precisa ficar no “hospital”. Questionamos a possibilidade de uma transferência para um hospital onde possa ser realizado um investigação clínica e que um único esquema terapêutico seja seguido. Não consigo mais despensa no trabalho para acompanhá-la e outros membros da família também não conseguirão permanecer o dia todo com ela. Ela volta a ficar exposta a todos os riscos já relatados antes. Acaba agredindo e sendo agredida e levada para contenção, sem benefício nenhum, pois para ela não há aprendizado com essa punição. Porém, sabemos que se ela está lá sozinha a contenção ao mesmo tempo a protege e protege aos outros de novas agressões. Porém, não podemos descartar que a maneira como elas são contidas, já é uma agressão.

15 dias depois…

Seguimos na esperança de encontrar algum norte breve para ajudá-la e aliviar o seu sofrimento  e de toda família.Estamos desesperados! Minha tia foi contida duas vezes hoje. Numa delas se urinou toda. É desesperador porque não vou conseguir acompanha-la durante todo o dia pois tenho que trabalhar. Segue o relato que você me pediu. Mas, sinceramente, não temos mais intenção em deixá-la no HPAP. Conversei com minha sogra que é da secretaria de sáude de São Bernardo e ela me disse que suspeita que minha tia possa estar com hipotireoidismo agravando todo o quadro. minha tia nunca foi assim. Ela só está piorando!!! Já passou por tantos horrores nesse hospital que mais adoece do que trata. Desde a arquitetura até a interação com a equipe, tudo parece uma prisão. Não dá para ficar lá. Por favor, se for possível, você disse no email a Mirsa que se fosse caso de primeira crise sua equipe poderia acolhe-la. Pelo amor de Deus, passou excelentes recomendações sobre você e sua equipe. Nos ajude! Não nos deixe no HPAP. Refleti sobre sua proposta de tentar o ajuste medicamentoso no HPAP, mas imagino que isso deve levar dias e não poderemos acompanhá-la neste período. Já roubaram tudo dela: calcinha, vários pares de chinelo, a prótese dentária (que conseguimos recuperar), agressão física e inclusive ocorreu o relato de que  ela havia sido molestada sexualmente …. Vimos as marcas nos seios dela. Questionamos à equipe, mas ninguém viu nada e nem tem como eles verem, pois só saem daquele posto de enfermagem para medicar, conter ou avisar que é hora do lanche. No restante do tempo assistem À Tv na copa do posto.

Não sei se seria possível, mas qual seria a possibilidade do psiquiatra de sua equipe nos ajudar a fazer o ajuste da medicação em casa? Ou dela ser transferida para outro hospital?
Mais uma vez clamo a você por ajuda, que seja orientação sobre o que fazer. Mas que não seja permanecer no HPAP, pois ela não tem condições de ficar lá sozinha, agressiva, perdida nela mesma, contida de forma bruta quase que punitiva. Como ela disse ontem para mim “Eu não era biruta assim” em meio a muito choro, desespero e a crença de que vai morrer lá.

Obrigada pela sua solidariedade e compromisso em responder minhas ligações,
Abraço,
SAL

* * *

depois de muita mandinga MHRA está em casa. Mas, não esquece a violência da internação. Todas as pacientes se queixavam da prisão. Muitas sofreram violência dos maridos e amantes ao longo da vida. A sexualidade e a espiritualidade são os assuntos que mais “enlouquecem” suas trajetórias…

Brasília, 25 de novembro de 2010

October 21, 2010

Zumbi na Jamaica: Nanny !

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 6:12 am


Já faz umas luas que Nanny caiu no meu caminho. Matriarca da revolução quilombola na Jamaica, heroina da resistência naquele país, dai hoje pesquisando a diaspora vi que esta fantástica mulher tem até homenagem no site BR da embaixada jamaicana… “eu quero ver quando nanny chegar, nanny é senhora das guerras, senhora das demandas,q uando nanny chega, é nanny é quem manda… eee.. angola, congo, benguela… ”

As revoltas dos quilombolas jamaicanos (maroons) foram intensas de 1655 até 1830, com um suporte religioso considerável de práticas africanas ancestrais, de respeito a memórias dos antepassados, perfazendo um grau elevadíssimo de auto-estima em ser africano em uma diáspora forçada. Os escravizados africanos na Jamaica são considerados por alguns historiadores como grandes revoltosos.

Saravá Nanny !

tai o texto da embaixada

Nanny dos Maroons

Nanny dos Maroons viveu aproximadamente há 250 anos atrás, morrendo em 1750. Os seus antepassados eram de Asante na África, país conhecido hoje como Gana. Na sua época, a maioria dos africanos na Jamaica eram escravos levados para trabalhar nas plantações de açúcar.

Na ocasião, a Jamaica estava sob domínio inglês, vários escravos eram libertados pelos espanhóis para evitar que eles caíssem nas mãos dos ingleses. Esses escravos eram conhecidos como Maroons.

Nanny não era uma escrava, mas conduziu muitos Maroons para as colinas em Portland, lugar que passou a se chamar Nanny Town. Os fazendeiros queriam esses escravos de volta, as forças coloniais invadiram as colinas e Nanny, junto com os Maroons tiveram que combater estes soldados para continuarem livres.

Os Maroons não tinham muitas armas, as poucas que possuíam foram capturadas dos soldados mortos. Eles eram muito bons em lutar nos arbustos, sua principal estratégia era colocar armadilhas e se esconderem esperando os soldados das forças coloniais até os pegarem de surpresa. Enquanto os Maroons estavam lutando para proteger Nanny Town, as mulheres plantavam e cultivaram comida. Todo mundo tinha trabalho para fazer.

Nanny Town ficava escondida nas colinas, mas no fim as forças coloniais acabaram a encontrando e a tomaram, Nanny e os Maroons para não serem capturados fugiram para o outro lado das colinas. Durante algum tempo, as forças coloniais mantiveram Nanny Town sobre controle e chegaram até a construir um pequeno forte. Mas nanny e os Maroons retornaram de surpresa e pegaram os soldados desprevenidos e tomaram de volta Nanny Town.

Nanny era uma das lutadoras mais importantes para liberdade e independência dos seu povo. Em Asante, na África, Nanny se tornou “Rainha Mãe”(uma espécie de Mãe do povo), além de líder político e religioso. Nanny era muito poderosa, algumas pessoas diziam que ela trabalhava com magia.

Os Maroons da Jamaica oriental e Central queriam entrar em acordo com os ingleses, mas Nanny não queria. Os ingleses então persuadiram seu líder para assinar um tratado de paz.

No fim, os ingleses deram a Nanny e ao seu povo terras em um lugar chamado New Nanny Town, que passou a se chamar Moore Town.


espia o video

ventre de indiana noma: Célia Lima

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 5:49 am

Uma das vozes mais presentes que já acessei. Uma das mulheres mas bacanas com quem já bebi. Tive a sorte de celebrar o aniversário dela em minha casa. Tenho a sorte de morar na cidade, onde ela apresenta um programa sagrado sobre jazz : o anjos da noite, na cultura fm.

Hoje, Indiana me surpreendeu compatilhando esta foto com os seguintes dizeres:

O que faz a força de uma mulher:
Nesta foto, minha mãe Célia Lima como comandante de uma tropa de brigadistas pós revolução sandinista, se preparando para entrar na luta a favor da alfabetização nacional em Nicarágua 1980.Naquele ano, todos os cidadãos nicaraguenses foram alfabetizados.
Mulheres avante! Sempre!

Saravá !

March 13, 2009

Pierrot e Colombina

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 10:11 pm

Vida litorânea de 10 dias.Margem de tempo entre oceano e terra.Vida interior é ar e fogo. Promessa de complemento. De externo o frevo rasgado e a maior festa do mundo. Pó – pular, regrava alma. De subconscientes muitas ondas. Apito. Mergulhos de saberes e desejos. Remoções. Divide por dois. Duas, três, dou-lhe. Magia. Descobertas de acender e levantar velas , e fazer chuva ensolarar praias. E se o último cochilo fosse a melhor lembrança de vôo e nuvens de pipocas enchessem a pança ,talvez Pierrot tivesse outra avenida. Passou.

E rio que corre sabe onde vão as águas. Sejam dos sete buracos da cabeça, sejam dos dois dos fundos. As águas vão rolar. E aqui começa o samba, enredo.

A fome de voltar fez Pierrot e Colombina darem ar, das graças, que batem. Repicam e ressonam. Compartilharam umidades e calores. Colombina compunha gotas nas teclas. Estudou para ser arteira, vislumbrava cores e movimentos. Pierrot era normal. Ativo. Balconista. Noturno. Sonhador. Sem tempo.Pançudo. Há anos marcaram salivas e carícias. De tanta marca, Colombina motivada pelo desconhecido resolvera certa vez imaginar versão para encerrar os gracejos entre ambos.

Uma graça cabeluda e Pierrot caiu no humor e molhado de riso levou horas intrigado. Causo ou,não causo. Fato é que Colombina confundia e brincava. Fantasiosa sempre. E Pierrot descontrolou nos ponteiros até desmascarar Colombina. Sim, era múltipla. Mas jamais assumira sua diversa demanda dos desejos. E descontava em caprichos. De beber e comer. Enchia. O causo era que dizia amar somente Colombinas. E Pierrot ? E sua máscara ? Cairam.

O luminoso coração do peito segurou -o. E os ponteiros trabalharam. Até que alguns carnavais depois , Colombina desfilava em frente ao balcão. Pierrot não lhe trazia mágoas, apenas risos. Colombina sempre sedutora. Pierrot enfim soteirou-se. E resolveu em fatídica alegoria permitir proximidade. Colombina cantava novos sambas. Anunciava outro carnaval. Permitia mais beleza e alegria. Dançou palavras de lealdade e companheirismo inimagináveis para sua evolução, harmonia e conjunto. Pierrot desconfiava, mas era de encher os olhos a promessa de um desfecho feliz. Uma quarta-feira de glória. Colombina resolvida a sambar no mesmo compasso pelo que houvesse de bom e belo.

Assim Pierrot entregou-lhe a folia. Deu-lhe coração e carnaval. Do bom e do melhor. E a agremiação para ele estava formada. E seu tempo foi todo para o desfile. Resolveu mesmo se jogar. Tanto que acabou carcaça e secreções. Na embriaguez da ingenuidade genuína com Colombina se lançaram ao povo, aos beijos e abraços. Diversão e alegria. Passado o êxtase, Colombina reforça que Pierrot é apenas, um apenas. O que queria mesmo eram outras duas companhias, que lhe reforçassem Colombina. E Pierrot paralisado e de peito doido e olhos marejados, pensou em toda agremiação e dedicação. Teriam sido em vão? Insaciável, Colombina dispersava o povo que Pierrot adorava cantar e encantar. Era só capricho e espelho. Só dor. Duro não dançava, molejo e requebros, não sentia.

Nova alegoria e Pierrot escolheu cantar suas dores, afinal, carnaval é recomeço. Tempo de se desfazer de dores. E imaginou que Colombina seria parceira nas horas de expurgar a violência cotidiana que Pierrot e todos de seu gênero sofrem, por …serem Pierrots. Colombina que há horas tinha o corpo nada recreativo devido a dores e secreções indignou-se. Mesmo tendo sido Pierrot o melhor possível com as dores de Colombina. Cuidado e afeto. Das dores de Pierrot ela desdenhava e abandonava a bateria. Silêncio e lágrimas.

Pierrot sabia que a fome de Colombina era ser carnavalesca. De um tanto que seria capaz de surrupiar a folia alheia. E se o bucho crescesse Colombina lhe furtaria todos os carnavais restantes. Sem direito a confetes ou serpentinas. Silêncio. Colombina apenas propôs nova fantasia. Cantou mais palavras e quase renovou o samba e o compasso. Mas, Pierrot já tinha perdido o Carnaval. E tinha que esvaziar o bucho. Mas, Colombina sabia exatamente os caprichos, motivações e enredos de seu trajeto. E resolveu jogar Pierrot fora do cordão.

Colombina jamais ficaria com bucho cheio e como não compreendia dessa coisa de bucho e de vida, tratou de caprichar em ser campeã. Sabia que o bucho só enchia devido a seu feitio. Mas como jamais carregaria esse estandarte, era comum ignorar que o havia feito. Vencedora almejava fama e muitos Pierrots a lhe cortejarem. Pierrot gostava mesmo era da brincadeira, sem vencedora ou perdedora. Gostava da folia. Por sorte e milagre e tudo de mais sagrado que há, Pierrot não tinha o que desentupir ! Descobriu sobre os raios do sol.

Colombina fez questão de se manter passiva, insossa, insípida, insalubre. Contrariada em seus caprichos  e insaciável em seu espelho. Entoa que Pierrot é uma ilusão. Insana.Uma farsa diante das suas idealizações.  Não cumpriu as expectativas. E nem terminaram a avenida. Desfilaram o desfecho de maledicências e  poeiras. Pierrot que tem valor e só quer alegria e brincadeira, levanta poeira e dá volta por cima. Agora reconhece a queda e anima, flui entre Pierrots.Vida Plena. E Colombina…  nem samba. Nem alas.

                           *                                   *                                *

Escondidos pelos íntimos inconscientes das águas hora doces, ora salgadas. Ora do céu, Ora da Terra. Estão tesouros . Caem lágrimas pela fome de voltar ao normal. Cair é transcender raridades.

                 *                            *                                *                          *

Ou… a breve lenda de como Colombinas e Pierrots viraram raridades no carnaval.

March 18, 2008

PASSAGEIRA

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 10:19 pm

 

desconcerta

 1:30 . Fez o corre. Percurso, por conta de fazer uma
conexão  entre transmissor e antena, num
triz já era ansiedade. 50m de cabo. Passou dias e noites fantasiando o trajeto,
coerência mente e coração,  e agora já
rodava. Não mais assistia, protagonizava.Fantasiar, fabular : momentos,
pessoas, desejos – uma consciência  tangente, de transmissora (ela subjetiva) e
receptora (ela sujeita).

Imprevisibilidade de movimentos, desforra o enredo. Sabe,
sabida do valor de cada estação, e naquele momento era desfigurado  controle. Das operações imagéticas,
prazerosas, confortáveis – precisava resignificar.Quem conta, aumenta. Quem
canta, agüenta. Ele guiava, guion, guindava. Ela: Passageira.

Nasceu assim.Nem café. A boca secou, estomâgo doeu,
respiração ofegou. Xícara vazia.Desforrou o bucho. Abusou das máscaras. Mas
desculpa a Eva , ou o mito primitivo. A atrevida que dançara nos ventos, nem
encena. Sobre maçãs e salivas e mordidas. Nem palavra.Tagarelices de personas e farsas. Diz:farsa !  E foi montada pelos cortes,
narrativa: Passageira.

Em despejos, desculpas, dez mil culpas : falta de afeto e
carinho. Mas, neutra nem vivencia. Se  insípida,
recusa projetar. Tudo menos desencanto.
Se era luz, cenários, sequencias, apetrechos,já não tarda prover. Rebulina, rebobina.
Em sonho, ele sai das matas, braços de carícias, abraço devido. Ao manipular: Passageira.

Nenhuma brincadeira que o valha. Nem samba, nem roda,
nem jogo. E na integridade das ações,apenas prematuridade dos acasos. Devaneios
de amor.  E cada escolha se injustifica. Mas
ele é desconcerto, demasiado de primores. Extravagância se materializar. Senão,
absolutamente necessário. A presença  inevitável,
inelutável, fatal… de apelos e apuros. Espelhos, diz espelho: Passageira !

Edi fícios, ponteiros urgem, avenida surje, na maior das
selvas de humanidades das nossas fronteiras. “Este samba é pra você meu amor,
que me fez..” toca o rádio, ela excita. Dobra a esquina, perde-se o caminho.
Toca a próxima. “Amor meu grande amor não chegue na hora marcada”. A música
inseria o desfecho suficiente, para 
corpos que não se realizam.

 Parada, ponto final.Sem
investidas excitantes. Pega a mala, excede estações, não hesita mais vôos: Passageira. 

(foto Verger, maranhão , 1947) 

Passageira

 

 

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