mandinga

October 21, 2010

vem de aruanda

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 7:30 am

Uma linda Lenda Yorubá

riquezas de uma tradição oral de 18 mil anos!

“Conta uma tradição oral de matriz africana que no principio havia uma única verdade no mundo. Entre o Orun (mundo invisível, espiritual) e o Aiyê (mundo natural) existia um grande espelho. Assim tudo que estava no Orun se materializava e se mostrava no Aiyê. Ou seja, tudo que estava no mundo espiritual se refletia exatamente no mundo material. Ninguém tinha a menor dúvida em considerar todos os acontecimentos como verdades. E todo cuidado era pouco para não se quebrar o espelho da Verdade, que ficava bem perto do Orun e bem perto do Aiyê.

Neste tempo, vivia no Aiyê uma jovem chamava Mahura, que trabalhava muito, ajudando sua mãe. Ela passava dias inteiros a pilar inhame. Um dia, inadvertidamente, perdendo o controle do movimento ritmado que repetia sem parar, a mão do pilão tocou forte no espelho, que se espatifou pelo mundo. Mahura correu desesperada para se desculpar com Olorum (o Deus Supremo).

Qual não foi a surpresa da jovem quando encontrou Olorum calmamente deitado à sombra de um iroko (planta sagrada, guardiã dos terreiros). Olorum ouviu as desculpas de Mahura com toda a atenção, e declarou que, devido à quebra do espelho, a partir daquele dia não existiria mais uma verdade única.

E concluiu Olorum: “De hoje em diante, quem encontrar um pedaço de espelho em qualquer parte do mundo já pode saber que está encontrando apenas uma parte da verdade, porque o espelho espelha sempre a imagem do lugar onde ele se encontra”.
Portanto, para seguirmos a vontade do Criador, é preciso, antes de tudo, aceitar que somos todos iguais, apesar de nossas diferenças. E que a Verdade não pertence a ninguém. Há um pedacinho dela em cada lugar, em cada crença, dentro de cada um de nós.”

Zumbi na Jamaica: Nanny !

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 6:12 am


Já faz umas luas que Nanny caiu no meu caminho. Matriarca da revolução quilombola na Jamaica, heroina da resistência naquele país, dai hoje pesquisando a diaspora vi que esta fantástica mulher tem até homenagem no site BR da embaixada jamaicana… “eu quero ver quando nanny chegar, nanny é senhora das guerras, senhora das demandas,q uando nanny chega, é nanny é quem manda… eee.. angola, congo, benguela… ”

As revoltas dos quilombolas jamaicanos (maroons) foram intensas de 1655 até 1830, com um suporte religioso considerável de práticas africanas ancestrais, de respeito a memórias dos antepassados, perfazendo um grau elevadíssimo de auto-estima em ser africano em uma diáspora forçada. Os escravizados africanos na Jamaica são considerados por alguns historiadores como grandes revoltosos.

Saravá Nanny !

tai o texto da embaixada

Nanny dos Maroons

Nanny dos Maroons viveu aproximadamente há 250 anos atrás, morrendo em 1750. Os seus antepassados eram de Asante na África, país conhecido hoje como Gana. Na sua época, a maioria dos africanos na Jamaica eram escravos levados para trabalhar nas plantações de açúcar.

Na ocasião, a Jamaica estava sob domínio inglês, vários escravos eram libertados pelos espanhóis para evitar que eles caíssem nas mãos dos ingleses. Esses escravos eram conhecidos como Maroons.

Nanny não era uma escrava, mas conduziu muitos Maroons para as colinas em Portland, lugar que passou a se chamar Nanny Town. Os fazendeiros queriam esses escravos de volta, as forças coloniais invadiram as colinas e Nanny, junto com os Maroons tiveram que combater estes soldados para continuarem livres.

Os Maroons não tinham muitas armas, as poucas que possuíam foram capturadas dos soldados mortos. Eles eram muito bons em lutar nos arbustos, sua principal estratégia era colocar armadilhas e se esconderem esperando os soldados das forças coloniais até os pegarem de surpresa. Enquanto os Maroons estavam lutando para proteger Nanny Town, as mulheres plantavam e cultivaram comida. Todo mundo tinha trabalho para fazer.

Nanny Town ficava escondida nas colinas, mas no fim as forças coloniais acabaram a encontrando e a tomaram, Nanny e os Maroons para não serem capturados fugiram para o outro lado das colinas. Durante algum tempo, as forças coloniais mantiveram Nanny Town sobre controle e chegaram até a construir um pequeno forte. Mas nanny e os Maroons retornaram de surpresa e pegaram os soldados desprevenidos e tomaram de volta Nanny Town.

Nanny era uma das lutadoras mais importantes para liberdade e independência dos seu povo. Em Asante, na África, Nanny se tornou “Rainha Mãe”(uma espécie de Mãe do povo), além de líder político e religioso. Nanny era muito poderosa, algumas pessoas diziam que ela trabalhava com magia.

Os Maroons da Jamaica oriental e Central queriam entrar em acordo com os ingleses, mas Nanny não queria. Os ingleses então persuadiram seu líder para assinar um tratado de paz.

No fim, os ingleses deram a Nanny e ao seu povo terras em um lugar chamado New Nanny Town, que passou a se chamar Moore Town.


espia o video

ventre de indiana noma: Célia Lima

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 5:49 am

Uma das vozes mais presentes que já acessei. Uma das mulheres mas bacanas com quem já bebi. Tive a sorte de celebrar o aniversário dela em minha casa. Tenho a sorte de morar na cidade, onde ela apresenta um programa sagrado sobre jazz : o anjos da noite, na cultura fm.

Hoje, Indiana me surpreendeu compatilhando esta foto com os seguintes dizeres:

O que faz a força de uma mulher:
Nesta foto, minha mãe Célia Lima como comandante de uma tropa de brigadistas pós revolução sandinista, se preparando para entrar na luta a favor da alfabetização nacional em Nicarágua 1980.Naquele ano, todos os cidadãos nicaraguenses foram alfabetizados.
Mulheres avante! Sempre!

Saravá !

October 15, 2010

DÁ UM TROCADO ?

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 7:13 am

Desperta, sem memória alguma de sono assim. Era estado da graça ao corpo. Devagarzinho pousa, rebobina as sensações, dá volta ao tempo. E voltas ao tempo são por imagensemoções. E de algum modo causa a incerta sobre o que é real, ou não. Volta ao tempo é filme. Mas, apura e certa da verdade: viveu o amor ! Passou horas da mais bela e imprescindível vivência. Foi numa quarta, noite, tempo que sacava o tempo, pela quarta. Por algumas horas, o amor. E ali avulsa sobre os lençóis ainda vibra na sagrada força. O co-autor sequer deixa rastros, como veio, foi… vento. Fartura de belezas e do indizível. Uma hora chega, Uma hora faz, Uma hora cansa, Uma hora passa, Uma hora vai. Retoma cada segundo, cada coincidência, cada riso. Muitas notas que compôs do que escapa ao roteiro. Lambuza.

Luas depois… cheia, numa quarta, vem de lá o co – autor, ao alcance ! Sentia mais coração que o resto. Do corpo até cheiro, toque e língua… ah ! a língua de tão sabida encontrava a outra numa dança divina. E era mel, aos favos de essências. Desde o encontro: versos de paixão eram como saliva, natural e constante. E todas as músicas de amor eram dele e gaguejava quando o catucava na prosa virtual. Gaguejar virtualmente era algo novo, experiência vivida. É assim o tempo do amor. Vivências em vísceras… marina tudo… e se reconhece pelo peito. Como a um outro, um amigo, um parente se reconhece pelo tempo /espaço compartilhado. No encontro de amor se reconhece pelo que se tem no peito.

Fato é que presente ali estava. Ter co-autor desta festa de sentidos ao alcance, tornava aquela “a” quarta. Preparou tudo, do espaço ao tempo. Pediu forças para usar as palavras certas. Arranjou aqui e ali, mas… as palavras teimam a trocar. As notas, o ritmo. Trocou as palavras.E pra fechar quando queria ter dito o sim, mais sim, da vida… teve que dizer: não. Trocou. Mas, teve. Não! Dor. E assim saiu desafinada a noite mais esperada de uma existência. Dissolveu o desfecho. Banhou, refogou, dorou… mas o coração ainda batia. Ai, pôs de molho. Passado. E tome uma dose de coragem, pra trocar as horas. Dó por sol.

Sol Maior. Calorão no centro e lá vai atrás de troco.Trocar. Ou, possíveis. Chama olhador, flanelinha, carroceiro, da rua o morador. Ei moço, dá um trocado ? Troca ? 200, 100, 50. Uia, quanto trocado! Além da satisfação da quantidade de moedas – que lhe facilita um bocado a labuta de ter que sempre dá o troco pra clientela – era muito prazeroso trocar dinheiro. Revolve esse prazer… Causa- de- que era boa aquela experiência ? Dai o sopro: trocava o papel. Ela quem precisa da brodagem. De inverter essa ordem. Social, econômica, subjetiva. In verso. Assim, trocar as notas, ou buscar o trocado era uma experiência encantadora.De inversão, de imersão em outras realidades, de mais experiência vivida. Dá – lhe trocado !

E num é que quase noite, do alto da rodoviária, torre a frente , esplanada por trás, com bola-lua de fogo pra nascer, mais seu Joaquim trocando as pratas, trocando a prosa… telefone toca. E notícia era de que conseguiu a permissão pra voltar a trabalhar, pra reabrir o bar-vida. Ela chora, agradece aos céus, vibra. Abraça seu Joaquim. E foi uma troca de chover, dançar e chorar. Ele por anos sem um abraço sincero. Ela pelo fim da batalha. Chove prata. A água leva. Troca e lava. Ele pergunta: ganhou na loteria, filha ? Quase…ou os sonhos não envelhecem. Esse sim é jogo pra ganhar: sonhos.

E sonhos não cabem nas urnas. O tempo era de eleger nas urnas. De escolhas, de políticos. Eleger… político: tai bicho danado pra trocar. Trocam muito bem os valores.Trocam muitos favores. Trocam muitos bens. Quando pede pelos impostos não representa, cobra. Quando deve direito, representa, recusa e ainda acusa. Assistindo um vampirão danado querer representar todas, de todo país, de muitas verdades, cantos, desejos, crenças,vontades. O danado quer se eleger em nome de mandar no ventre… de todas ??! Troca tudo ! Silencia sobre o necessário. E fala demais sobre negar a escolha, a saúde, a vida. Acusa e impõe. Troca quem é o autor do crime. Tai sua proposta de eleição: trocar o vivo, o possível, o necessário, a chance… pelo crime, pela dor, pela morte.Trocar ventre pelo voto. Experiência vivida.vertigem. Ai não. Não é não !

Do tempo de eleição, tinha carreira. Corria pra aliviar as verdades. Era direta, nada representativa. Trocava a fonte, descarregava o disco, mudava estação… primavera. Foi ao encontro de quem tocava. Parou. Recebeu o chamado algumas quartas. Da mais esplendida, da que sem encosto, encantava por completa. Permitiu e deu tempo: trocou algumas horas pelo caminho do canto. Descobriu o vento como idioma. A voz é pertencimento, pralém de instrumento. Trocou. Daquele encontro a Terra tomou nota e fôlego. Resolveu expirar, pra trocar. Terremoto ! Dali com a terra manifestando, a celebração partiu.

Coração reativou, afinal distância, medo, ciúmes, jogos não se pode trocar pelo amor. Amar é reconhecer a si mesma. Encanto.E a vida: compasso. E em cada encruza, em cada esquina, em cada sinal… dá um trocado.

May 4, 2010

maternagem

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 7:44 am

 

aos nove..


– jp

– mae, o que sao reliquias ?
– sao
tesouros do passado

– mas onde vc arrumou essa palavra ?

num sei , veio dentro de mim

:: jp 2::

a noite na esplanada…


– hoje
estudamos isso ae
– ah, o congresso ? qual é o senado e qual a camara ?

não estudamos as relações..
– quais relações ?
-as de poder…  

 

 

 

 

April 12, 2010

abre alas de 2010

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 9:47 pm

A pálpebra branca da tela teria apenas que refletir a luz que lhe eh peculiar e poderíamos explodir o universo… o filme eh uma magnifica e perigosa arma, se manejada por um espirito livre.Ele eh o mais admirável instrumento conhecido para expressar o mundo dos sonhos, da emoção, do instinto. O mecanismo que cria a imagem cinematográfica e, por seu próprio funcionamento, a forma de expressão humana que mais se assemelha ao trabalho da mente durante o sono. Um filme parece ser uma imitação involuntária do sonho… A escuridão que gradualmente invade a sala e o equivalente  ao fechar dos olhos. E o momento em que a incurso noturna ao inconsciente começa na tela e nas profundezas do ser humano. Como no sonho, as imagens aparecem e desaparecem em dissoluções, e o tempo e o espaço se tornam flexíveis, contraindo-se ou se expandindo a vontade. A ordem cronológica e a duração relativa nao correspondem mais a realidade… (bunuel)

May 5, 2009

Mel o dia ! …Ou a lenda do Curumin que criolou na Brasilia

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 5:54 am

30.04.09

Tava de virada temerosa pelo feriado das asas do plano piloto. Pouca opção diversiva à vista. Era melhor parcelar as idéias e contar com a boa e velha trupe Criolina, que prometia botar Curumin ao alcance dos olhos e ouvidos. Encantava-se por ai que o rapaz viria para salvar a ausência de festejos.Feliz da vida ia dedetizar a Casa. Foi quando Barata me chama para anunciar que o baile havia fracassado.

Sina cruel ! Lancei mão da última cartada, aos 48 do segundo tempo: vamos
fazer aqui no subsolo, no quintal de casa? Colou. Gol ! E Barata voou e pousou já com os 3 cavalheiros ! Era Curumin ! E encheram o bucho com meu feijão ! Alimentar o guerreiro e seus trutas de batalha… muito prazer! Rio ! Incrivelanças a solta, até o circo veio ao povo, com risos e fogo.E tudo era rio, as horas da tal noite encantada.

O mesmo que me levava na garupa, da invocada,magrelinha, com par de brincos preu brincar todos os dias. O mesmo que fez do samba outro, e despertou a querência de
musicar o cotidiano.Aquele com quem meus goles rimavam com gracejos e
rebeldias, que mostrava que era possível fazer um samba em homenagem a luta de ser plena num sistema tão injusto.E ainda deliciar meus finos e compactos. No
balcão !

No último show que ele fez em nossa quebra, centro político desse país de desvios, lançou mão de um “se gritar pega ladrão… Porque sim, estamos no olho do furacão de práticas fuleras pra governar milhões de mentes e corações que sambam. Estrondou ! E esse mesmo aventureiro abre alas com um negro drama, ou a real dos fatos…Bailemos
!

E o baile refogava esse acorde do faça você mesma ( punk!) : feijão, samba e revolução, com muito prazer obrigada! – tinha rimado com a popularidade de amar, de amar de verdade, que só o velho e bom brega traduz. E lá vem o danado passar um “preta fala pra mim”.Freqüência e sintonia arranjadas. Bora transmitir !

Num tardou e o bar lotou. O povo brindou. Erupção e fervos, subsolo caliente de malemolejo… E era o trio emponderando os sentidos. Há pito ! Começa o jogo e gente da melhor em campo, quintal esfumaçando pra conferir o brinquedo.Dou-lhe uma , dou-lhe duas e … CAI A LUZ !

E agora Niemai ? Acuda mãe ! Sem energia, impossível amplificar, tocar, cantar ! Mesmo assim o catiço permanece na bateria ,no improviso. Soma-se Luciano de Sá
artilheiro no atendimento da Casa.Daí foi reggae-nus até as gambiarras darem… LUZ!

Retoma-se a brincadeira. Abre-se avenida que Curumin luminoso vai baixar. E de
improviso foi a receita, frees e styles! Platéia, equipe, músicos era uma
folia só ! Ruuules ! Temperamos umas trilhas e levamos ao forno muitas notas. Arranjos vem e vão; quando lá está curumin entregando que tem o coração maior do mundo! O moço chama Luciano, o que brincou o improviso, de volta ao palco, pra fora do balcão,
e de atendente do bar, passa a manejar as baquetas.Go ! E bailou-se a caixa preta. Saboreamos um prato cheio de humildade crua e viva. Cabulosamente saboroso yo yo !!!!!

O subterrâneo da capital da república, nessa noite celebrou dissonância
de derrubar a babilônia. Agora é repetir a receita… de feriado, de dia do trabalho. Curumin:aos pães nossos de cada dia ! A esperança é a última que morre. Somos só; gratidão ! E reza a lenda que foi um curumin quem inventou a receita de como (r) existir no centro do olho do furacão… E dizem que milhares de emails correram pelo planalto central. E a moçada ainda se lambusa de samba. Saravá Curumin !

March 13, 2009

Pierrot e Colombina

Filed under: PERSONAGENS — mandinga @ 10:11 pm

Vida litorânea de 10 dias.Margem de tempo entre oceano e terra.Vida interior é ar e fogo. Promessa de complemento. De externo o frevo rasgado e a maior festa do mundo. Pó – pular, regrava alma. De subconscientes muitas ondas. Apito. Mergulhos de saberes e desejos. Remoções. Divide por dois. Duas, três, dou-lhe. Magia. Descobertas de acender e levantar velas , e fazer chuva ensolarar praias. E se o último cochilo fosse a melhor lembrança de vôo e nuvens de pipocas enchessem a pança ,talvez Pierrot tivesse outra avenida. Passou.

E rio que corre sabe onde vão as águas. Sejam dos sete buracos da cabeça, sejam dos dois dos fundos. As águas vão rolar. E aqui começa o samba, enredo.

A fome de voltar fez Pierrot e Colombina darem ar, das graças, que batem. Repicam e ressonam. Compartilharam umidades e calores. Colombina compunha gotas nas teclas. Estudou para ser arteira, vislumbrava cores e movimentos. Pierrot era normal. Ativo. Balconista. Noturno. Sonhador. Sem tempo.Pançudo. Há anos marcaram salivas e carícias. De tanta marca, Colombina motivada pelo desconhecido resolvera certa vez imaginar versão para encerrar os gracejos entre ambos.

Uma graça cabeluda e Pierrot caiu no humor e molhado de riso levou horas intrigado. Causo ou,não causo. Fato é que Colombina confundia e brincava. Fantasiosa sempre. E Pierrot descontrolou nos ponteiros até desmascarar Colombina. Sim, era múltipla. Mas jamais assumira sua diversa demanda dos desejos. E descontava em caprichos. De beber e comer. Enchia. O causo era que dizia amar somente Colombinas. E Pierrot ? E sua máscara ? Cairam.

O luminoso coração do peito segurou -o. E os ponteiros trabalharam. Até que alguns carnavais depois , Colombina desfilava em frente ao balcão. Pierrot não lhe trazia mágoas, apenas risos. Colombina sempre sedutora. Pierrot enfim soteirou-se. E resolveu em fatídica alegoria permitir proximidade. Colombina cantava novos sambas. Anunciava outro carnaval. Permitia mais beleza e alegria. Dançou palavras de lealdade e companheirismo inimagináveis para sua evolução, harmonia e conjunto. Pierrot desconfiava, mas era de encher os olhos a promessa de um desfecho feliz. Uma quarta-feira de glória. Colombina resolvida a sambar no mesmo compasso pelo que houvesse de bom e belo.

Assim Pierrot entregou-lhe a folia. Deu-lhe coração e carnaval. Do bom e do melhor. E a agremiação para ele estava formada. E seu tempo foi todo para o desfile. Resolveu mesmo se jogar. Tanto que acabou carcaça e secreções. Na embriaguez da ingenuidade genuína com Colombina se lançaram ao povo, aos beijos e abraços. Diversão e alegria. Passado o êxtase, Colombina reforça que Pierrot é apenas, um apenas. O que queria mesmo eram outras duas companhias, que lhe reforçassem Colombina. E Pierrot paralisado e de peito doido e olhos marejados, pensou em toda agremiação e dedicação. Teriam sido em vão? Insaciável, Colombina dispersava o povo que Pierrot adorava cantar e encantar. Era só capricho e espelho. Só dor. Duro não dançava, molejo e requebros, não sentia.

Nova alegoria e Pierrot escolheu cantar suas dores, afinal, carnaval é recomeço. Tempo de se desfazer de dores. E imaginou que Colombina seria parceira nas horas de expurgar a violência cotidiana que Pierrot e todos de seu gênero sofrem, por …serem Pierrots. Colombina que há horas tinha o corpo nada recreativo devido a dores e secreções indignou-se. Mesmo tendo sido Pierrot o melhor possível com as dores de Colombina. Cuidado e afeto. Das dores de Pierrot ela desdenhava e abandonava a bateria. Silêncio e lágrimas.

Pierrot sabia que a fome de Colombina era ser carnavalesca. De um tanto que seria capaz de surrupiar a folia alheia. E se o bucho crescesse Colombina lhe furtaria todos os carnavais restantes. Sem direito a confetes ou serpentinas. Silêncio. Colombina apenas propôs nova fantasia. Cantou mais palavras e quase renovou o samba e o compasso. Mas, Pierrot já tinha perdido o Carnaval. E tinha que esvaziar o bucho. Mas, Colombina sabia exatamente os caprichos, motivações e enredos de seu trajeto. E resolveu jogar Pierrot fora do cordão.

Colombina jamais ficaria com bucho cheio e como não compreendia dessa coisa de bucho e de vida, tratou de caprichar em ser campeã. Sabia que o bucho só enchia devido a seu feitio. Mas como jamais carregaria esse estandarte, era comum ignorar que o havia feito. Vencedora almejava fama e muitos Pierrots a lhe cortejarem. Pierrot gostava mesmo era da brincadeira, sem vencedora ou perdedora. Gostava da folia. Por sorte e milagre e tudo de mais sagrado que há, Pierrot não tinha o que desentupir ! Descobriu sobre os raios do sol.

Colombina fez questão de se manter passiva, insossa, insípida, insalubre. Contrariada em seus caprichos  e insaciável em seu espelho. Entoa que Pierrot é uma ilusão. Insana.Uma farsa diante das suas idealizações.  Não cumpriu as expectativas. E nem terminaram a avenida. Desfilaram o desfecho de maledicências e  poeiras. Pierrot que tem valor e só quer alegria e brincadeira, levanta poeira e dá volta por cima. Agora reconhece a queda e anima, flui entre Pierrots.Vida Plena. E Colombina…  nem samba. Nem alas.

                           *                                   *                                *

Escondidos pelos íntimos inconscientes das águas hora doces, ora salgadas. Ora do céu, Ora da Terra. Estão tesouros . Caem lágrimas pela fome de voltar ao normal. Cair é transcender raridades.

                 *                            *                                *                          *

Ou… a breve lenda de como Colombinas e Pierrots viraram raridades no carnaval.

May 23, 2008

Racismo aqui e acolá, na escola Waldorf não vamos mais ficar …

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General — mandinga @ 7:04 am

Saravá, minha gente !

             Hoje participamos da
palestra Fundamentos e Aplicações da Pedagogia Waldorf, na Escola Moara, aqui
em Brasília. Não nos surpreendemos em, mais uma vez, não obtermos uma resposta
que escape do plano metafísico sobre mecanismos disciplinares utilizados pelas professoras
e os castigos aos quais nosso filho é submetido na escola, muitos destes
sequer somos informados.Bem como, mais uma vez, nos foi dada uma resposta
metafísica sobre o fato de muitas crianças não terem lugar de fala garantido no
cotidiano escolar, quando relatam, por exemplo, o desagrado com o corpo
docente, ou a rotina escolar.

             Agora o que mais nos surpreendeu,
na ocasião, foi a absoluta ausência de ações para  implementação da lei 11.645/08 na perspectiva
pedagógica da Moara (a referida Lei  prevê a inclusão de conteúdo afrobrasileiro  e indígena nos currículos escolares) . Tal
fato, confirmou  conjunto de ações que
presenciamos em prol da  omissão e 
censura  na  criação de um processo  coletivo  que aborde
este tema. O que significa uma irresponsabilidade da comunidade escolar,para
com a luta contra o racismo.

              Camuflada  no tecido social ao qual se insere a
comunidade da Moara, a prática  do
racismo, sempre foi para  nossa família
uma das formas mais cruéis de humilhação 
da existência humana. E  a luta
para que esta forma de violência, na maioria das vezes sutil e imperceptível,
não se perpetue em nossa sociedade é prática cotidiana em nossas  vidas. Portanto, esta Lei pela qual lutamos é
de fundamental importância tanto para nossa família, quanto para sociedade que buscamos
construir.   

               Antes de entrarmos na escola, já
sabíamos do fato das crianças, até certa idade , não utilizarem preto enquanto
desenham, pois o Preto é a ausência de cor na perspectiva antroposófica. Mesmo assim,
resolvemos fazer parte da comunidade Moara, depois de insistirmos que  a depreciação da diversidade racial e cultural
brasileira é incabível em nosso cotidiano e de ter –nos sido garantido o respeito
a nossa prática de vida muito ligada as nossas 
raízes afrobrasileiras e indígenas, a qual nos orgulhamos muito.

               Em 2007,  tomamos conhecimento de que em uma outra palestra
uma professora afirmou que não havia conteúdo indígena porque na Moara eles só
ensinavam conteúdo de povos evoluídos. O fato 
nos indignou, tamanha a  demonstração de ignorância para com as
centenas de povos que formam  o povo
brasileiro. E muitos dos quais vivenciaram na prática  valores matriarcais, horizontais e de autogestão.

            
  Valores estes que são
transformados em conceitos e alienados dentro da Escola Moara, que por exemplo,
prega o consenso em suas instâncias, mas esquece que o mesmo deve ser
construído e não imposto. Justamente, neste ponto é que a Escola é  um simulacro: ao negar o contexto social ao
qual se insere e dissimular sobre seus reais desafios para com sua comunidade.
Pois, todo processo comunitário  requer
construção e sem comunicação e responsabilidade para o bem comum, pouco se
constrói.

                  Hoje, infelizmente,
presenciamos mais um episódio nesse sentido na Escola Moara. Não bastasse ser
um episódio racista, portanto criminoso, foi também mais uma oportunidade de
garantir a fala de quem já tem o lugar de fala garantido (reforçando autoritarismo) e de
claro simulacro de prática dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade tão citados pela tal filosofia antroposófica.Pois,
acompanhamos recentemente, em nossa turma, a saída cruel de dois meninos, por
falta exatamente de mais fraternidade, igualdade e liberdade na referida
comunidade. Após a explanação das palestrantes, quando fiz perguntas objetivas
sobre o cotidiano escolar, tais como as medidas disciplinares aplicadas, o
lugar de fala das crianças e a implementação da Lei 11.645,  fui em um tom de voz arrogante, convidada a
mudar para a pedagogia construtivista, pelo Dr. Paulo Tavares.

                    Como naquela manhã de
sábado resolvi me dedicar a entender a pedagogia Waldorf insisti em  construir um espaço qualificado de debate
sobre a tal perspectiva que nossa família estava inserida e ajudando a dar vida.Reforcei que não estava ali para debater o construtivismo e sim a
pedagogia Waldorf. Quando questionei sobre o ensino do conteúdo afrobrasileiro
e indígena na escola (que reforçamos, não é uma opção da Moara,mas sim,uma Lei,
um dever, uma obrigação) nos foi dada a seguinte resposta pela
professora palestrante :

                  "No primeiro ano
contamos apenas contos de fadas, no segundo ano contamos historinhas sobre
passar a perna no outro, estas coisas mais maliciosas…, no terceiro ano
começamos com as histórias dos bichos, no quarto introduzimos  as histórias dos monstros e a partir do quinto
ano é que contamos as histórias dos negros "

                 Fiquei bastante
intrigada com esta escala de valores.E recebi a seguinte resposta: é que até
esta fase a criança só pode receber o que é Belo. Ou seja, mais uma vez, a
depreciação à cultura indígena e afrobrasileira é socialmente difundida e
reforçada na escola. Pois, toda infinita diversidade e possibilidade de
conteúdo da nossa cultura é considerada desprovida de beleza  compatível
com  a praticada na Escola Moara. (Aqui cabe um parêntese, não falaremos
da pedagogia Waldorf, mas da experiência prática que vivenciamos)

                  Portanto, gostaríamos
de reforçar que racismo é crime. E  não compactuamos, com o fato de em
2008, estes resquícios da subjetividade paternalista colonizadora européia que
– subjulga a beleza e força da nossa raiz racial e cultural – estarem vivos e
legitimados, disfarçados de proposta pedagógica.

                    Em determinada parte do
debate fomos surpreendidos  com mais uma
frase do Dr. Paulo Tavres: “é por isso que essa pedagogia não é pra vocês”.
Finalmente um consenso, ainda que imposto, e portanto ilegítimo. Nos desligamos
da escola Moara com São Benedito em nossos corações.E  na responsabilidade de impedir que este tipo
de prática se perpetue disfarçada de pedagogia alternativa. Aliás, justificativas
metafísicas para garantirem práticas racista no contexto escolar, me remetem ao
tempo em que os povos africanos e indígenas eram escravizados perante a
justificativa de que esta seria a salvação de suas almas…

                Enfim,
muitas questões para refletirmos e nos posicionarmos.

Aquele abraço,

Juliana, Bruno e João Pedro

 

March 21, 2008

CINE ROSARINHO VICE VERSA

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 4:38 pm

 

ONTEM PARTICIPEI DA MINHA PRIMEIRA SESSÃO DO CINE ROSARINHO.ASSISTIMOS AO FILME BUENOS AIRES – VICE VERSA, DE ALEJANDRO AGRESTI. ACORDEI NOSTÁLGICA E ÓRFã… O FILME TEM SOLUÇÕES ESTÉTICAS FABULOSAS PARA FALAR DAS VÍTIMAS DA DITADURA E DAS SUAS CONSEQUENCIAS, OU AS CRISES INDIVIDUAIS E COLETIVAS. MINHA CONDIÇAO FEMININA APONTOU. ACHEI DEMASIADA A CONSTRUÇAO DAS PERSONAGENS FEMININAS COMO SUB… HUMANAS DESPROVIDAS DAS FORÇAS QUE SABEMOS TER AS MULHERES ARGENTINAS. AINDA QUE ESTE FOSSE O CONTEXTO DA NARRATIVA, QUE SE PROPUNHA A DISSECAR AS  VÁRIAS MAZELAS HUMANAS APÓS A DITADURA,  ME INCOMODOU  BASTANTE A MANEIRA  COMO  AS  PERSONAGENS FEMININAS ERAM DESPROVIDAS DE  SE REALIZAR,EXPLICITAMENTE DELIMITADAS EM SUAS PERSPECTIVAS.ORA TRAVESTIDAS DE INSANIDADES,OUTRORA VÍTIMAS DE MÚLTIPLAS FORMAS DE VIOLÊNCIA. ENTÃO, MEU CORAÇÃO LANÇOU-ME UM DESAFIO… E SE MEUS INCÔMODOS FOREM SUBSTRATOS QUE REFORÇAM MEU IMAGINÁRIO ? E ASSIM CONSTROI UMA BASE SUBJETIVA PARA QUE EU PERMANEÇA NESSA CONDIÇÃO ? MEU CORAÇÃO CLAMA: AO CONTRA-IMÁGINÁRIO … OU O COMBATE DA DITADURA ATUAL E COTIDIANA ! VIVAS: MULHERES !

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