mandinga

August 3, 2011

PRECISAMOS ABORTAR O AI5 DIGITAL

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General — mandinga @ 11:57 am

Uma cultura que muitas buscaram: hoje milhões de mulheres possuem seus próprios espaços na internet. Fizemos nossos telhados e jardins de expressão. Muitas trocam informações e conhecimento na rede. Tantas outras têm perfil no Twitter, Facebook, Orkut (isso sem citar as ferramentas livres). As redes sociais são praças. Hoje nós mulheres andamos de dia e de noite, pelas praças do mundo virtual. E voltamos pra casa quando bem entendemos.

Porém, nem todas conseguem usufruir da liberdade de criação e expressão na rede. Ainda temos muitas barreiras para derrubar quanto nossa vida expressiva no mundo virtual. Sabemos que poucas mulheres são programadoras, compreendem como funcionam os computadores, ou devido as múltiplas jornadas de trabalho conseguem tempo para navegar e aprender . Ainda temos muitos desafios de emponderamento na rede. Estamos justamente em várias frentes de batalha pela apropriação tecnológica e inclusão digital de mais mulheres.

O desafio de nos apropriarmos da tecnologia como forma de emponderamento e libertação ganha mais um agravante de peso. Em 1999, a sociabilidade no mundo virtual era bem mais restrita que nestes meados de 2011. Existiam poucas redes sociais, ferramentas e possibilidades de compartilhamento de conteúdo e bens na rede.

Mas, já nascia no Congresso uma proposta para penalizar “crimes” na internet PL 84/99 de autoria do então Dep. Luiz Piauhylino (PSDB/PE). Atualmente defendido pelo Dep. Azeredo (PSDB- MG), e por isso, batizado de “Lei Azeredo” – e também conhecido como AI5 digital, em referência aos cortes de direitos civis, como ocorreu durante a ditadura militar brasileira. Uma nova proposta de Lei para limitar nossos fluxos e impor margens as nossas corredeiras.


TecnoGINECOlogia ao PL 84/99 :

A Câmara dos Deputados pode encaminhar para votação o Projeto, nos próximos dias. Caso seja aprovado, seremos todas suspeitas e vigiadas pelo Estado. Apertando mais ainda as amarras sob nossas subjetividades e pertencimento cotidiano. Se atualmente, já somos massivamente estereotipadas, corremos o risco de sermos ainda mais:

:: SONDADAS ::

– A maneira como criamos, produzimos e compartilhamos pela rede será limitada

– As investigações policiais, de possíveis crimes, serão extensivas e partirão do princípio que somos todas criminosas

– Poderemos distribuir menos sinais, programas, conteúdo, dados e informações

– Nossos limites serão impostos pelo texto da Lei

– Ficará instaurado sistema de vigilância sobre nossas ações

– Seremos pressupostamente criminosas e/ou suspeitas

– Acontecerão coisas do tipo julgar se um dado eletrônico é legitímo, ou não.

:: AMEAÇADAS ::

– Compartilhamento de culturas, criações e suas reproduções e mixagens serão punidas e criminalizadas

– Haverá retrocesso na diversidade do que somos e do que podemos ser

– Os provedores poderão armazenar nossos dados e logs

– Em nosso direito inalienável a liberdade de expressão – conforme art. 5 da Constituição

– Subjetividades, pluralidades e convergências de imaginários ficarão sob vigilância

– Mais uma vez seremos ensinadas a temer

– Seremos punidas e criminalizadas por liberar ou desbloquear modens, celulares, etc

– Risco `a cultura que criamos de colaboração e confiança

:: ROUBADAS ::

– Lucro das empresas de segurança virtual vai imperar e ditar regras de comportamento na rede

– Nosso direito a privacidade vai ser desrespeitado

– A inclusão digital de mulheres e a apropriação tecnológica ampla, ficará inibida

– Possibilidade de debates, de trocas, de acessos que ocorrem na esfera pública, especialmente sobre temas “polêmicos”, poderá ser manipulada e controlada

– Direito nosso: tipificação de crimes prevê criminalizar condutas apenas de bens jurídicos relevantes e de interesse de todos os cidadãos e cidadãs, e o PL falha nesse ponto

– Direito nosso: Lei Penal tipifique crimes de forma clara e restrita, o que não ocorre com o texto da Lei Azeredo

– Direito nosso: Liberdade e conhecimento

:: SEDUZIDAS ::

– Segurança virou mercadoria, portanto venderão muitas promessas de felicidade em nome da segurança

– Nos confundem e afirmam que a liberdade na internet é responsável pela pedofilia, por exemplo.

– Nos manipulam e dizem que a liberdade na internet é responsável pelos estelionatos

– Nos mentem e dizem que nosso dinheiro no Banco vai ser roubado, porque nossa internet é livre

– Nos enganam noticiando uma ciberguerra, ataques e vírus na rede que não existem

– Ficaremos amedontradas o que interfe na gestão de nossos tempos e talentos

– Poderão nos domesticar com mais facilidade em nossas vivências virtuais

– Nos manter com medo, serve para não sermos ousadas. Portanto, controladas e manipuladas

– Enfraquecerão nossas ferramentas de busca por nós mesmas e as vivências e (re) criações de nossas singularidades

Dia 13, no Plenário 13

“Conheço pedófilo real, que pratica crime real. Desconheço pedófilo virtual”, ressaltou a Deputada Manuela D’Avila (PC do B/ RS) em 13 de julho de 2011, durante audiência pública sobre o PL 84/99 . Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a deputada defendeu direitos das pessoas de bem, perante os retrocessos previsto no projeto de Lei.
A Dep.Pérpetua Almeida (PC do B / AC) fez um pedido para que seja criado um grupo especial para tratar exclusivamente da matéria. “Sabemos que boa parte do Parlamento tem medo até de abrir email, por isso tem medo da internet” lembrou a deputada. Já Luiza Erundina (PSB/ SP) pediu a realização de um Seminário para o debate sobre o PL 84/99 – que deverá ocorrer durante o mês de agosto.
Há quem defenda o texto do projeto. Pois, existe uma “guerra cibernética” e uma tal “Political Bullying”. Ficou explícito o interesse mercadológico da sempresas de segurança sobre a pauta.
Na ocasião o Movimento Mega Não entregou ao presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática Bruno Araújo (PSDB/PE) uma petição com mais de 163 mil assinaturas contra o PL 84/99.Destacamos alguns pontos relevantes levantados sobre o tema, na ocasião:

1 – Ninguém penaliza alguém que envia um correio sem remetente. Pela lógica da proposta seria como recolher telefones públicos das cidades, porque alguém pode ligar de um orelhão sem se identificar

2 – Proporcionalidade de tempo de detenção desigual, por exemplo em caso de invasão de domicílio (1 ano e 3 meses) e invasão de site (3 anos)

3- Não houve nenhum ataque Hacker/ Cracker aos sites do governo (conforme falaciosamente noticiado pela mídia)

4- A tecnologia na verdade deve ajudar a resolver problemas (q são problemas da sociedade, ao invés de problemas da tecnologia)

5- Ainda sequer temos nossos direitos fundamentais na rede garantidos, como podemos pensar em criminalizar a rede ?

* * *

Vamos criar nossas herdeiras, nossas filhas e filhos numa época onde a internet será mais uma maneira de estar no mundo. Precisamos incentiva-las a pertencer a ele. Precisamos identificar a maneira sofisticada de dominação de nossas vidas e ensina-las a farejar, burlar e resistir. Geopoliticamente, o Brasil tem posição muito importante na gestão de culturas. Portanto, cobraremos políticas públicas condizentes ao tempo-espaço no qual vivemos e criamos. Alô, patriarcado: o conforto de poucos não será nosso silêncio. Sugerimos escrever `as lideranças dos partidos na Câmara dos Deputados e ao autor da proposta Dep. Azeredo

LINKS:

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July 25, 2011

Tambor de onça – Encontro de bois na Igreja de S. Pedro – S. Luis junho.2011

Filed under: (bateria) Brincando o encantado — Tags: , , , , , — mandinga @ 6:35 am

A força de quem anoitece e amanhece no repique

Tambor de onça

May 30, 2011

GINECOLOGIA: Faça você mesma !

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES — mandinga @ 5:18 pm

Hoje fui a farmácia. Queria presentear as maravilhantes que convivo, fazer aquele dengo – surpresinha. Juntas trocamos horas de prosa, de sonhos, de sabedorias. Nas minhas horas vagas costumo brincar com vídeos e nomei o brinquedo de “vê se te enxerga produções” . Muita gente acha agressiva a expressão. Na real, uma das intenções do nome é reforçar que vale a pena cada pessoa se conhecer, olhar, perceber, enxergar. Esse descobrimento de si mesma é fundamental pros nossos exercícios de emponderamento… constantes, neh ?

Tão agradável se tocar, ver, descobrir. Então, que tal unir o útero ao agradável ? Sim, que tal conhecer o próprio útero ? Tão poucas viram o próprio útero. Por que passamos tantos anos pra descobrir nossos corpos ? Especialmente, vagina , ovários, útero…. O que trazemos mesmo entre as pernas ? Um mundo de prazeres, cores, texturas. Mundos de vida ! Mas, quem já viu ? Seu/ sua ginecologista ! Eita quer dizer que esta parte tão mimosa do seu corpo um estranho já viu e vc não ? Beleza, ginecologista é cuidado imprescindível com si mesma. Mas, reconhecer sua vagina além de um cuidado, é ato de amor consig@.

Hoje, dia de luta pela saúde da mulher presenteei as amigas com um kit deste hábito de amor: GINECOLOGIA – FAÇA VOCE MESMA ! Lanterninha, espelhinho e espéculo vaginal. Com estes objetos vc pode além de conferir lábios, canal, pele… dizer olá a seu colo do útero. Aprendi com uma ginecologista feminista numa edição do Carnaval Revolução, há uns anos. Com esta visão além do alcance, acompanho meus ciclos, ritmos, cheiros, frescores. Assim, eu mesma posso conferir, as muitas possibilidades do meu corpo.

E dependendo de como estiver o horizonte posso tomar aquele chá, fazer aquele banho de assento, aquela compressa… Meus favoritos são chá de artemísia, chá de gengibre, compressa de alho, inhame, vinagre, espinheira santa, camomila. O próximo post vai ser sobre dicas de preta-velha pra mulheres que se cuidam e amam.

Óbvio que esta festa consigo mesma, não significa abrir mão dos exames e consultas ao ginecologista, já que nem todas as nossas possibilidades são visíveis a olho nu. Manter em dia exames, vacinas, consultas.O ideal é descolar uma ginecologista bacana que respeite e oriente de forma responsável (de preferência feminista hohoho !). Mas, nada como se autoexaminar e conhecer o próprio corpo… ou quero mais saúde !

Quem precisar de um kit e dicas de como se autoexaminar manda um alo ! E tem mais links sobre o tema, ó:

http://pt.scribd.com/doc/88917/Hotpantz-Herbal-Gynecology

http://www.beautifulcervix.com/cervix-photo-galleries/photos-of-cervix/

http://aterraviva.com/blog/

https://lists.riseup.net/www/d_read/icamiabas/

http://www.anarcha.org/sallydarity/atf4.html

May 2, 2011

Cultura cultua sentidos… sobre gênero e poder

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES — mandinga @ 10:03 am

Tá vamos falar de gênero… ah ! mais uma vez ? Oh Yeah ! Leio o mundo nesta perspectiva… e agora já era ! Essa deixa inicial é pra satisfazer a banda de gente que me xaropa por conta deu ser … feminista ! (depois farei um post exclusivo sobre a patrulha). Bora lá nesse:

Tava em Sampa no trânsito, som do carro começa a passar uma propaganda da SPM sobre as possibilidades das mulheres. Sem imagem, a narrativa em áudio da peça publicitária foi nocaute. Parecia que estava vivendo no cobiçado tempo da igualdade de gênero neste país. A chamada passava algo de: “parabéns mulher, finalmente vc pode tudo”.

Precisamos reforçar nossa autoestima, mas sem maquiar realidades. Fui investigar e percebi que sim, tinha mesmo escutado a campanha e se tratava de uma iniciativa da SPM. E não só isso, compas feministas me enviavam o vídeo como uma conquista. Logo manifestei meus poréns sobre a peça e minhas compas tinham leituras distintas das minhas. Então, me predispus a fuçar melhor minhas angústias, do quanto aquilo me parecia ” o caô no baile” do momento.

Ganhamos possibilidade de algumas mulheres estarem no poder – inclusive como presidenta – isso visibiliza possíveis. Mas, não revela sobre circunstâncias de como chegamos a estes espaços – consentidos ou conquistados ? E nas ruas, praças, esquinas, bares, noites quantas conseguem caminhar livremente ? São tantas variáveis desta chegada ao poder… Em nossos imaginários o que construímos com estas imagens ? Bom, espaços que foram construídos por regras e rédeas do patriarcado, agora conduzidos por mulheres. Muitas vezes, ocupados por mulheres que não têm compromisso efetivo com questões de gênero. Mas, que usufruem de conquistas de tantas que há séculos lutam pelos feminismos.

Devemos e precisamos como “base social” colaborar na formulação de políticas públicas, especialmente as voltadas para gênero. Assim como, pretendemos ver o orçamento para políticas públicas de gênero crescer e sua execução ser garantida. Mas será que podemos ? Afinal, o que podemos ? Penso em dois casos recentes de mulheres que ganharam a esfera pública uma como candidata ao governo do DF. Usada pelo marido, que teve a candidatura impugnada. Devido a seu despreparo foi chacoteada pela mídia e redes sociais. Pra mim, um dos casos de violência simbólica mais gritantes dos últimos tempos. Outro exemplo, é a primeira Ministra a ocupar a pasta da Cultura. Explicitamente despreparada para o cargo, segue entre atropelos no Poder. Penso em tantas mulheres que poderiam contribuir com a Ministra. Mas, que mesmo tendo mulheres em sua assessoria segue vacilando. Dai, reforço que deveríamos mesmo começar a pleitear que nossas representantes no poder estejam compromissadas com os movimentos e redes de mulheres.

Por que topamos ser fantoches de um jogo que não precisamos jogar ? E o quanto o fato de ser uma MULHER faz a chacota render mais ainda? E até que ponto ao despreparo fica atrelado a suposta incapacidade de gerir ? Gostaria de reforçar para todas que ocupam cargos de poder neste país, que podemos mudar as regras e o jogo. Sequer jogá-lo. E mais ainda que estamos em solidariedade mútua e que podemos ajudar técnica, psíquica e emocionalmente.

Percebo que gestoras comprometidas com questão de gênero, exercem melhor suas funções no poder público. Vamos celebrar nosso protagonismo, autonomia, liberdades. E junto a isso escrever novas regras ao jogo… queria escutar mais e melhor sobre desenvolvimentismo. Queria conhecer mais economistas feministas. Queria uma internet feita por mulheres. E sem que pra isso tivéssemos que nos desemponderar. Conheço várias mulheres que exercem cargos de liderança e que precisam de vez em quando pedir desculpas por isso. Ou seja, pedir desculpas por ser boa. Ou sabotar algum outro aspecto da vida por ser boa e poderosa. E muitas vezes além dela mesma se sabotar, outras variáveis vão atuar para expor suas vulnerabilidades. Precisamos de mulheres nas esferas de poder, mas precisamos também reconstruir as regras.

E a todo momento questionar PODER: indagar, examinar, experimentar e teorizar. Especialmente, quando é forçoso servi -lo. E quando necessário servi-lo, buscar valores solidários. Seria nossa cultura de Poder… Precisamos recriar o Poder como forma de libertação, de uma, de todas.

… tentando desembuchar sobre governanças…. pelas passadas, presentes e futuras !

April 17, 2011

Cultura

Filed under: General — mandinga @ 7:21 am

Essa música da banda Dona Zica…. 07 Cultura (com Simone Soul)

Yalodê !!!

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 3:51 am

Quero ver Ilê !

Ora ie ie o ! Bembe pra Ochun

Filed under: NA AVENIDA — mandinga @ 2:54 am

Salve Oxum, a matriz africana, santerias….

http://http://www.youtube.com/watch?v=pxyD1l9-CFI

February 17, 2011

Ponto pras minas, ou (r)ai cai dos desejos

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 5:02 am

– Vc sabe que quero vc, né MINA ?

– Mas vc sabe que to no trampo e aqui é campo MINAdo

– Então vamos doMINAr

– hehe isso vamos doMINAr …nosso próprio mundo

– Vamos doMINAr o mundo ! Mas tem uma coisa: eu quero ser a Pink e vc a cérebro !

=D

(cantadas no boteco)

February 9, 2011

Mulheres da Cultura

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General — mandinga @ 6:56 pm

queria subir esse conteudo primeiramente no imaginarios.net – em homenagem ao DP, que partiu. Mas ainda, de onde está, nos envia muita força pra sermos mais livres e plenas.

Trata-se dos princípios do Mulheres da Cultura. Para todas as que buscam plenitude em suas vidas cotidianas e nos seus fazeres criativos… avante !

MULHERES DA CULTURA

1 – MISSÃO- entendendo missão como nossa razão de ser:

– estimular, garantir e defender a participação feminina na cadeia produtiva da cultura, com respeito e igualdade. Agregar a Cultura valores que propiciem imaginários e comportamentos que valorizem o gênero feminino. Buscar a emancipação e sustentabilidade de mulheres pela cultura.

2- VISÃO – entendendo visão como onde queremos chegar:

– Ser rizoma de micropolíticas que garanta sustentabilidade, solidariedade e liberdade de ações em gênero e cultura. Bem como, fomentar , pleitear e implementar políticas públicas que garantam sustentabilidade as iniciativas de cultura e gênero.

3- Carta de princípios:

CARTA DE PRINCÍPIOS

01 – Garantirmos a participação feminina na cadeia produtiva da Cultura. Focarmos na condição feminina, em seu emponderamento, autonomia, plenitude, igualdade e justiça.

02 – Incentivarmos e viabilizarmos ações culturais focadas em gênero e sempre que possível ter o gênero feminino como condutor das nossas realizações

03 – Otimizarmos em nossos trabalhos e atividades da cultura, valores que discutimos no #mulheres da cultura, uma vez que influenciam imaginários e comportamentos

04 – Atuarmos em Cultura e gênero com altruísmo, ética e honestidade

05 – Estudarmos, desenvolvermos e efetivarmos nossas ações na perspectiva da economia criativa.

06 -Sermos uma coletividade de reflexão.Discutirmos e compartilharmos saberes. Criarmos espaços de discussões, debates, idéias para trocarmos e socializarmos conceitos e conhecimentos.

07 – Socializarmos tecnologias, conhecimentos e saberes técnicos.Possibilitarmos formação, capacitação e trocas.

08 – Trabalhar quebra de paradigmas, visando a igualdade de gênero. Formular ações para capacitação e formação de mulheres em áreas onde pouco somos representadas;

09 – Sensibilizarmos os demais segmentos da sociedade quanto ao gênero feminino na cultura. Discutir, propor e realizar ações que incentivem as mulheres da cultura em seus empreendimentos

10 – Buscarmos sempre novas maneiras de fazer culturas, viabilizarmos gestões e gestoras femininas

11 – Ampliarmos o empreendedorismo feminino na cultura e socializarmos suas potencialidades

12 – Realizarmos as transformações necessárias para vivermos nossas vidas de maneira sustentável.

13 – Trazermos à tona ações em prol da cultura nas ruas. Lutarmos pelos espaços que fomentem os arranjos locais e contra o sucateamento e marginalização dos espaços culturais;

14 – Discutirmos e defendermos a criação e manutenção de políticas públicas para as culturas

15 – Incentivarmos a diversidade de mulheres. Reunirmos mulheres de diferentes contextos territoriais, raciais, econômicos, sexuais, sociais e profissionais, bem como das diversas áreas de atuação cultural.

16 – Celebrarmos os intercâmbios, agregarmos valores e militâncias, desenvolvermos ações coletivas, com acolhimento, respeito, união, cuidado, solidariedade entre mulheres;

17 – Prezarmos pela diversidade e respeito. Fazermos com que as diferenças sejam um fator motivador para nossa atuação

18 – Agregarmos todas as expressões culturais, sem excluir nenhum segmento

19 – Refletirmos para desenvolver a cadeia produtiva e possibilitarmos a capacitação criando vínculos e estabelecendo relações de confiança entre as mulheres;

20 -Garantirmos visibilidade aos nossos projetos, coletiva e individualmente; potencializarmos e difundirmos as estruturas que construímos e as que vamos construir

21 – Realizarmos empreendimentos de grande e pequeno porte, com capacitação para profissionais que atuam nos mesmos

22 – Elaborar projetos e diálogos institucionais. Atuarmos junto aos governos locais e nacionais pela viabilização de políticas publicas

23 -Dialogar com empresariado, gestores e políticos para apresentarmos nossas propostas e projetos em prol da cadeia produtiva da cultura

24 – Viabilizarmos parcerias com instituições de ensino e pesquisa

25 – Buscarmos a realização de iniciativas que unem educação e cultura, especialmente as voltadas a rede pública de ensino

26 – Garantirmos acessibilidade de portadoras e portadores de necessidades especiais , às nossas atividades

27 – Sermos protagonistas de nossas histórias, e de nossos cotidianos de criarmos Culturas

January 20, 2011

Colônia

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 6:02 am

Fim dos anos 10. Foi passar dias e noites na metrópole. E mesmo 2 luas depois tava no colo de Morfeu pra aliviar a temporada na Paulicéia. Ali todo volume de vivências, num tempo de tanta angústia. Foi por lá pra viver um cado de coisas: trabalho, militância, festas e reencontros. Trazia o desejo da expansão de seus territórios: dos bailes, da terra do cuidado, do local da prosa, das ilhas de carinhos e carícias, da vila da calma, da rua das trocas, dos bairros de sabores…. enfim, do reino das águas profundas. Gosta de mergulhar.

E assim foi o desbravar … o bloco com o povo de rua, das crianças e caboclos desceu e subiu pelas avenidas. Expandiu de flores, cores e amores na cidadona cinzinha… Alegria, alegria. Até que.. de laje em laje, de praça em praça, de esquina em esquina foi se acabando…Quarta-feira foi mesmo de cinzas. A força da metrópole era tão bruta… e trazia ruídos de ensurdecer, inclusive a alma. Já tinha consigo o tempo da sintonia perfeita entre valores e desejos.

Antes de embarcar pra metrópole sabia da sociedade do espetáculo. Sabia quem ditava as regras e quem consumia. Quem era soldado e quem era general. Quem faz o lobby e quem bate palma. Então, de certa forma era como se tudo já tivesse escrito. E aquele baile de máscaras era filme visto.

Entre metrópole e colônia o que se troca é valor. E o que mais vale nesse tempo digital é a subjetividade. Essa é a especiaria dos anos 10. Então, levava fé nas engrenagens que faziam a roda girar: colaboração, gratidão, confiança. Mas, ali no olho no olho, no apertar das mãos, no predispor dos sentidos lançaram a corda no bloco. Sabe essas agências reguladoras que nos tornam insustentáveis…?

Muitas desfeitas… nas trilhas… Lembrou de uma placa: na trilha da virilha ! Por lá, onde escoaram ouros e diamantes, agora queriam correr impurezas. Sem nem fazer consultas púbicas. Ali pagava-se muito caro pra negociar afetos. Muquiranice pura, necas de valor pra essência… As regras do jogo vindo a tona. Sentia que o doce e o belo despertavam uma fome predadora no mundo colonizador.

E assim o tesouro da colônia ia sendo devastado. Mesmo tornando a metrópole viva, alimentando suas forças… Troca injusta. Colônia e metrópole tinham fomes distintas… o que move é valor. E o jogo não era tão aparente, necessitava de faro aguçado, de mergulhos vivos. Contradições ocultas suaves. O que era quase sinônimo, descobriu antônimo e assustou – bandas largas essa dos sinônimos…

Descobriu um sinônimo pra resistência: vem de se tornar forte, robusto… na sua concepção resistência sempre esteve associada a embate, conflitos, combates contra algo que infringia seus valores mais verdadeiros e necessários. Como era bom ressignificar, importante essa visão fortalecedora da resistência. Novos significados pra praticas antigas…

E colônia tem coragem, inclusive o suficiente pra negociar amor e desejos até que façam sentidos. E ali os muros e placas comunicavam melhor que as pessoas. Num te -curto- circuito de monólogos . E como gosta de ir fundo, voltou a pensar. O comum é pagar caro por não conseguir negociar os afetos. Fazer, ou não, sentido. Essa balança comercial de uma cultura muito desfavorável… E foi caminhando pra justificar suas motivações, de como elegia presidente do coração sem sequer eleição. Ou, o quanto era signatária do pacto das imposições metropolitanas, que dana, que insana… e que se pauta no desprezo. E que se essas eram as engrenagens da cultura digital, optava por preservar os próprios dedos, que a levavam a lugares mágicos.

A colonização do desprezo traz batalhas com resultado voraz: a derrota pessoal. Não tem fusão, nem troca. É a única resposta às apostas. A única solução de tantas possíveis. No jogo que a própria metrópole manipula. Porque assim se domestica melhor a alma. Mas, esta colônia tem um tipo diferente de alma na bagagem. O tipo que ganha força no isolamento. Como diz a sábia autora do oráculo que trazia consigo: “o isolamento elimina a fraqueza com os golpes, erradica lamentações, proporciona insights penetrantes, aguça a intuição, assegura o poder incisivo de observação e de visão de perspectiva jamais alcançado pelas pessoas aceitas.” Destas revelações que as relações impostas de controle ficaram explicitas.

Humanas antes de exatas, selvagens antes de civilizadas, assim eram as dela. Depois de confirmada as atitudes predadoras, voltou a encontrar com as suas. Cirandas. E já cintilava o combate à necessidade de subjulgar, à imposição dos egos. Resistência com o canto das moças. Das moças do cerrado. Das indas e vindas de tantas insurgentes e heroínas da vida, que em sambas e filmes traziam consigo o grande milagre. A missa de domingo – ou dançar com Joana aos 15 e Carmem aos 30. Amanhecer na feira de rua. Ganhar frutas, rosas e o detalhe mágico da sétima vermelha. E vai no livro: “quando há canção os deuses e deusas estão sendo conjurados a instilar sua sabedoria e seu poder – forças estão atuando no plano espiritual, estão se ocupando de fazer almas…” É cangerê, canjira, caruru, curimbó, catimbó…

Chegada hora de preparar pra lançar o barravento, volta pra casa. Mas, forte. Robusta, resistente. Mazaropinha da vida… A frieza é o beijo da morte para criatividade. E o oráculo narrava ” tu podes saber muitas coisas, é possível saber das coisas, mas não se trata do mesmo que sentido, que ter sentido”.

Resistiu e sobreviveu. E na ginga ia zarpar da estação desprezo. Balançava pra resistir ao colonialismo. E usufruir do bom, do mel e do melhor, sem desprezo. E mais oráculo pra justificar a conquista da batalha. ” É pior ficar ali onde não nos sentimos bem , do que vaguear perdida por um período em busca da afinidade psíquica e profunda que precisamos – nunca é errado ir atras do que precisamos…” – precisava d’alma. E isso não se negocia. Alma é eternidade. Banho de força, deleite, lavou as contradições. Ribeirão de felicidade, deslizes de euforia e muitos risos entre as que resistem: brincantes ! E tome: ” na índia – um mortal toca o tambor para que as fadas dancem diante da deusa Indra – em troca desse serviço ele recebe uma fada em casamento – algum tipo de premiação é concedida ao homem que quiser entrar num relacionamento de cooperação com o reino da psique feminina , reino que lhe é misterioso…” Notícias de reinos distantes…

Era tempo de voltar ao próprio reino. De garantir as defesas, contra ataques.E deixando pra trás os desvios cambiais, a viagem valeu pra confirmar a sutileza do colonialismo moderno. Novos pleitos, peitos e ventre compunham o comitê gestor de selvagerias. De jeito maneira seria refém ou escrava do baile de máscaras. No porto, um enorme outdoor berra: moda evangélica. Saiu voada daquela perdição. Nessa altura o colonial já não rimava com os traquejos e desejos libertinos. O estado de transe… a rebelião refogando. O anular de todos os pactos levianos, usurpadores e injustos aos quais de bobice era signatária. No caminho do embarque lembra de quem ficou pra trás.

Como na ida ao Parque da Independência pra ver um show de boa cantora norte-americana. O parque, o tempo de celebrar a independência… muita gente se pisoteando, em filas intermináveis… na saída ali espremida na grade encontrou Alzira. Abraça Alzira, acolhe da multidão, atravessam o tumulto. Alzira considera um milagre uma desconhecida agir assim. Pede ajuda pra voltar pra casa. Cumplicidade de alma. Alzira repete e insiste: bonita, bonita, muito bonita.

Independência ou sorte, ou morte, ou estrela do norte. Enfim, recenseou abalada … nas intera da vida, inteira… !

Pousou. Persistente. Trazia consigo verdades. E colônia virou água de cheiro, planta de benzer, erva que defuma. Pra inspiração, pra respiração… tem mais: ” tanto pneuma como psique – são consideradas palavras para alma – se a mulher não consegue encontrar a cultura que a estimule, geralmente ela resolve criar ela mesma, essa cultura. Isso é bom, pois, se ela a criar, outras que vinham procurando há muito tempo chegarão misteriosamente um dia, proclamando com entusiasmo o fato de estarem procurando por ela o tempo todo”.

É preferível ser tola na percepção dos homens, a ser maldita perante as deusas… lido por ai…

… desaguando devaneios sobre a colonização das culturas coronárias. Fim da primavera 2010 – em profundo rebuliço com Clarissa Pinkolas Estés – que me fez correr com as lobas ..

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