mandinga

January 8, 2011

Baderna !

Filed under: General,PERSONAGENS — mandinga @ 5:22 am

BADERNA – Bagunça, confusão, bando, corja. A palavra tem origem no nome da bailarina clássica italiana Marietta Baderna. Em 1849, ela emigrou para o Brasil, fugindo de lutas políticas na Itália. Quando começou a se apresentar em teatros do Rio fez um grande sucesso, por ser muito talentosa. Marietta não gostava de injustiças. Chegava a brigar com empresários teatrais para defender colegas seus que eram menos famosos. Sempre que podia, ia para o centro do Rio, onde dançava junto com os escravos a dança preferida deles, que era chamada de umbigada. Com essas atitudes, começou a ser perseguida pelos donos de teatros, que não renovavam seu contrato. Os jovens do Rio, apaixonados por ela, iam às peças e começavam a vaiar e bater os pés no chão para protestar contra as perseguições a Marietta. Chegavam a interromper os espetáculos no meio. Foi por essa razão que seu nome acabou virando sinônimo de bagunça, confusão.

January 5, 2011

PAC

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 4:28 pm

Aos pactos que vamos tecendo… bem ou mal, crio aqui no cerrado. “Tomar posse” em Brasília, “tombar a cidade” de Brasília são expressões que costumamos ouvir. Fim de semana da posse da primeira mulher a chegar ao cume do poder executivo nacional. Isso demanda um oceano de subjetividade…. des/re – constrói um tanto nossos imaginários. Nao fui a praça dos 3 poderes, preferi a torre de televisão, matar a fome. A feira tava tomada de policiais. Minha fome física pedia que a primeira refeição da década fosse o bolo de fogo poderoso de oya. Um acarajé recheado com caruru, vatapá, camarão… enxarquei ! E com a chuva fininha me dei de sobremesa uma tigela de acai da barraca do pará (ui!) – tava ali fartando das comidas de tantas culturas, brasileiras e mundiais, rolezin bacana…

Sorrateirinha me dispus em frente a tv que transmitia a posse da Dilma, a despedidade de Lula. O dia histórico. Eu molhando sob a lona e cercada de olhos que fitavam o espetáculo da posse. Daqui a pouco começam as falas: “emocionante, neh ?” , “nossa ela é tão diferente pessoalmente, cabamos de ver ela lá no rolisroice”, “a televisão muda a gente…”, “nossa uma mulher que já foi estuprada chegou ao poder”… quantos elementos iam temperando o caldo vigoroso do açaí. Compartilhando o dia histórico com brasileiros e brasileiras. E como sempre faço em momentos de pensamentos demandantes… me transportei. comecei a pensar nas coisas que acompanhei com os movimentos sociais nos anos recentes… as várias manifestações do povo na esplanada – merece destaque a prisão de vários camponeses e crianças em 06.06.06 – (uma data cabalística, uma ação cabalística, um resultado cintilante da esquerda nacional) e dei um pulo aos espelhos, comecei a lembrar dos espelhos d`água, que recentemente os representantes do povo mandaram construir mais espelhos para evitar que o povo chegasse até o Congresso (comumente chamado de a casa do povo), entre muitas festas da democracia nacional.

morar em Brasília (como em qualquer grande centro urbano) é conviver com contradições, mas 30 anos depois ainda não consigo consenti-las… Comecei uma retrospectiva minha com a cidade, tarefa infinita, mas dessa vez me entreguei e tinha a sensação sensorial de cada lembrança do cheiro, do tato, do som, das cores…. Neste 2010 a cidade completou 50 anos, eu 30, meu filho 10. Lembrei de algumas coisas da infância, entre os eixos, entrequadra, na asa do rumo norte. Sempre amei brincar de comidinha, sina… E meu ingrediente favorito era a sementinha vermelha de pau-brasil…, a árvore que se esparramava ao alcance dos pilotis. E juntar os graozinhos, aquece-los nas maos, distribuir nas panelinhas (as imaginarias inclusive) e por que nao engolir aquelas bolinhas vermelhas, muitas vezes dadas como veneninhos, pequenos feitios …

Na mesma quadra, nessa mesma época tinha um amiguinho que adorava: o juruninha. O filho do juruna que nunca conseguiu conviver com as crianças da tribo que tinha vindo viver com o pai deputado nos meados dos anos 80. Lembro que ele tinha um jeito de brincar que de alguma forma despertava o pânico nas crianças. Ele conseguia lançar um vareto numa velocidade e com tal força que quebrava a pernas das outras crianças. Então, quando a criançada tava ali brincando nos piques e aparecia juruninha com seu graveto pra cumprimentar a meninada, todo mundo corria. era assim que ele costuma dizer oi aos colegas da nova tribo, tamanha sua fúria com o novo ambiente… mas comigo tínhamos um pacto de olhares, e era belo e bom e sempre brinquei com ele silenciosamente. De mato, de terra, de sementes. As vermelhas, as de pau, Brasil. Trago um encanto especial por essa fluidez selvagem que me trazia o juruninha… anos depois me chegou um texto fantástico dos vilas – boas sobre o primeiro contato com os juruna e a surpreendente maneira como se comunicavam por assobios… passei a assobiar, e imaginar diálogos com meu amigo que ja nem sei por onde se banha, mundo afora…

Pulo pros fins de semana dos anos 80, que bem sabemos muitas famílias iam até a praça dos 3 poderes passear… não era programa de turista, era programa nativo. E o Congresso era nosso espaço, nosso parque, nossa praça. Podíamos correr livremente por ali. E as árvores mais prazerosas de brincar eram as tigelas … delicia escalar a tigela de boca pra baixo. Um dia resolvi subir, devagarinha, subir e subir, ate que com uns 6 anos de idade subi ate o ponto máximo da tigela… e meus pais ficaram lá em baixao daquela altura desesperados pra que eu descesse. Eu sentia um profundo prazer de estar ali em cima ! mas veio um medo enorme dos meus pai em pânico .. o que me tirou aquele bálsamo da conquista… e comecei a descer, do único modo possível: escorregando. alivio.vento.

Volto pra barraca, pra Dilma na TV. E não largo da frase do compatriota ao lado “uma mulher que já foi estuprada chegou a poder”. Lembrei de um livro da minha vida, do Luiz Maklouf Carvalho, ” as mulheres que foram a luta armada”, lembro da dilma da tv digital que não ouviu os movimentos sociais na época sobre o padrão a ser adotado pelo Brasil, lembro da defesa das hidrelétricas em detrimento da preservação dos ecossistemas… e de uma vez, proseando com meu grande amigo e companheiro na península dos ministros ela aparecer do nada e nos cumprimentar as 6 matina, confesso que estávamos num estado bohemio suprapartidário hehehe… e rimos muito da situação. Dessa vez a TV nao reproduzia a coroação da miss… a faixa era de presidente.Inegável, a sensação de data histórica, ainda que o patriarcado dite as regras do jogo e o espetáculo se reproduza aos olhos velozmente.

No dia anterior dava viva as ANTIHEROINAS que me rodeiam. Tava numa roda de prosa deliciosa com as amigas, cafezando pra embarcar uma delas pra salvador, a cidade semente. O mais engraçado é a sabedoria feminina expandindo desses encontros… uma logo comenta: “Brasília é um coito interrompido” ! Dai só complementos: “um baile de máscaras”, ” os caras não dão conta das nossas fomes”, “com os anos ficamos muito seletivas com quem tomamos café da manhã”, depois horas de prosa com roupa na casa de uma amiga, jornalista, militante, rimos daquele jeito selvagem, mas rimos muito mesmo da nossa sexualidade cotidiana. E no dia seguinte casa da minha amiga mais sol na atualidade. A que fareja, a que corre com as lobas (e ela nem sabe que tem esse poder) … mas, ali no primeiro almoço de domingo da nova década ela veio me trazer uma aula de como ser a mãe-hacker mais linda do planeta . Nova década, adoro o instinto maternal aguçado. Amo as que se dedicam com amor a criar e hackear. Ela tem cuidado, carinho e liberdade nas horas dali. bonito de presenciar. Rizoma.

Dilma no palácio e nós aqui na rua !

ps.: … e toda vez que passo ali na 302 norte onde estudei no jardim de infância juro que ainda vejo o Ulisses Guimarães fazendo cooper pelas calçadas temo e acho graça entre a latunia da criançada e o cheiro da escolinha de manhãzinha… !

2 – Revendo 2010: me apaixonei de verdade. Platonicamente. Inclusive pela tequila. Sai no galinho e foi o melhor carnaval. Depois de 7 anos consegui a Pensão Alimentícia do meu filho. Participei da edição histórica do Jornal Radcal.Sustentei a casa de cultura que trabalho – quase falimos por falcatrua do GDF. Consegui um sócio certeiro. Organizei vários festivais de skate e futebol da molecada amiga do meu filho. Amei mais ainda ser mãe. Fundei (mais um monte de mina massa) a rede mulheres da cultura. Vi minha militância pelos direitos reprodutivos ir pelo ralo durante as eleições. Ganhei a dani, alice, lara, camila, a pati, lana, vânia e yaso como irmãs. Sobrevivi e consegui salvar uma tia de um hospital psiquiátrico.Acompanhei minha vó desfalecendo lentamente. Me tornei terapeuta reikiana. Voltei a estudar economia e exatas e to amando. Vi uma tempestade de areia, senti um terremoto. Aprendi a dizer não. Escolhi a solidão, enfrentei e deleitei. Voltei a cantar com a Ellen Oléria. Retomei a dança do ventre com a Padma. Fui muito amada pelas minhas amizades. Vi mais uma Copa. Ativei muitos sonhos próprios e alheios e gosto muito disso. Participei de várias cerimônia lindas, no terreiro matriarcal que construo-vivo. Entrei pra associação de mulheres empreendedoras. Construi uma nova loja linda pra alimentar e divertir mais centenas de pessoas. Aumentei minha equipe de colaboradores e somos um time feliz. Comecei o pompoar, a usar o copomenstrual, a fumar artemísia. Chegou a sacerdotisa, me empoderei dos meus dons espirituais, li muitos livros fantásticos. Revi meus valores, aumentei o autoamor, direcionei anseios. Ganhei um toca-vinil e muitos presentes impressionantes. Distribui conforto, colo, dicas, saberes, amor, idéias, presentes. Reativei e abri blogs, perdoei e botei pra descansar vários desafetos e predadores. Acendi fogueiras, banhei de mar, de chuva, de cachoeira, de lua.Cozinhei, costurei, fiz doces. Comecei um projeto de VJ e vídeos livres – o ve se te enxerga, alimentei o Teatro Oficina e a Elza Soares, descobri que amo o BNegão e o Buguinha Dub, Redescobri significados – especialmente o de resistência (fortalecer, tornar robusto, endurecer).E o melhor: pari a selvagem !

November 29, 2010

Pa rir !

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 4:11 am

Há 10 anos o ventre rebentava e rebulia em mim a força bruta do amor. Chegava João Pedro, meu filho, plantando novos mares e mundos… adoro ser mãe! a gravidez, amamentar, sonhar, crescer, sorrir… E hoje depois de vários ciclos, pari a selvagem ou a que corre com os lobos. Inaugurei a La Ursa. pra celebrar o tempo da diversidade, o porto de tantas estrupilias das culturas que aqui se multiplicam – época encantada – bo revitalizar o centro da capital ! Setor Bancário Norte, cerrado, brasil il il !!!

November 26, 2010

hospital psiquiatrico

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General,NA AVENIDA,PERSONAGENS — mandinga @ 6:04 am

… fim da violência contra mulheres, em especial nos hospitais psiquiátricos !

Filed under: ALEGORIAS MANIFESTANTES,General,NA AVENIDA,PERSONAGENS — mandinga @ 5:47 am

Mandinga ! Passei meses acompanhando de perto este caso que relato abaixo. Muito pouco se fala sobre a realidade das mulheres nos hospitais psiquiátricos. Acompanhei MHRA durante as semanas que passou no HPAP no DF. Nestes dias ela foi humilhada, usada para experimentações da equipe médica do “hospital”, agredida, roubada e por fim, estuprada. Sem a menor chance de defesa. Por todas as que estão nos hospitais psiquiátricos, segue este relato. Ao combate ! #fimdaviolenciacontramulher

RELATO DE CASO – ” eu não sou tão biruta assim”

A MHRA, 39 anos, foi internada no Hospital de Pronto-Atendimento Psiquiátrico (HPAP) em Taguatinga – DF, no dia 12 de junho de 2010. Eu, SAL, sobrinha da paciente, sob orientação de um psiquiatra externo que iria consultá-la naquele dia, levei minha tia para avaliação no pronto-socorro do HPAP, pois há 3 dias estava muito agitada, agressiva, desorientada, logorréica, disártrica, sem dormir e sem se alimentar. Na ocasião ela fazia uso das seguintes medicações: Risperidona 3mg, Topiramato 150mg, Meleril 300mg, Trometazina 25mg e Dormonid 15mg (caso insone). Esse esquema terapêutico foi prescrito pelo psiquiatra da Mansão Vida que tinha dado alta a ela há 5 dias. O médico que nos atendeu no HPAP disse que seria necessária a internação para ajustar as medicações e tentar tirá-la da crise, e informou que normalmente seria uma internação breve.

Vale ressaltar que MHRA sempre apresentou um retardo mental, com dificuldades para o aprendizado formal da escrita e cálculos, porém sempre foi funcional para as atividades de vida diária, tranqüila, comunicativa. Ela tomava medicações controladas, mas sua mãe uma senhora de 83 anos, muito simples, achou que ela estava dormindo muito e engordando e sem consultar ninguém, retirou o Diazepan , motivando o início da crise que motivou a sua primeira internação. ela foi lavada à Mansão Vida porque seu irmão conseguiu um considerável desconto por ter sido segurança lá. Porém, quando ela c omeçou a dormir e a diminuir a agressividade, recebeu alta.

No HPAP, ocorreram vários fatos graves para sua segurança pessoal: seus pertences e roupas íntimas foram roubados, ela foi agredida por outra interna e teve sua prótese dentária roubada; recuperamos a prótese com outra interna em troca da promessa de uma carteira de cigarros; depois ela sofreu abuso sexual por parte de outra interna, inclusive observamos as marcas em seus seios. Questionamos a equipe sobre o fato ocoorido e recebemos como resposta que infelizmente não era possível controlá-las o tempo todo. O médico disse que era provável que tivesse ocorrido e que não seria nem a 1a, nem a útlima vez, pois as pacientes são mutio erotizadas.

Todos os dias íamos na visita e observávamos MHRA piorando. Solicitamos a alta, pois quando questionamos a sua não evolução, fomos informada de que ela na verdade, recusando os medicamentos via oral e que os medicamentos injetáveis não foram administrados porque estavam em falta. Mas, para nossa surpresa, ninguém solicitou que comprássemos esses medicamentos. E ao pedir a alta fomos informadas (eu e minha mãe) que a alta poderia ser concedida porém sem a prescrição médica. Achamos um absurdo, pois leigamente sabemos que um doente psiquiátrico não pode estar o tempo todo interrompendo e reiniciando novos esquemas terapêuticos.

Isso ocorreu no dia 24 de junho no final da tarde. O médico nos encaminhou para o serviço social, pois solicitamos então a possibilidade de acompanhá-la direto, alegando que ela não tinha nenhuma condição de defender-se dos riscos que estava exposta, pois seu retardo mental agora estava num grau grave. Após esperar uma hora, a assistente social saiu sem nos avisar por um motivo de emergencia. Mas outra funcionária conversou com alguém que autorizou o acompanhante para minha tia. Permaneci lá 5a, 6a, sábado e domingo até por volta de 20-21h, todos os dias. A enfermeira de plantão da sexta (25.06) estava preocupada com minha segurança em permanecer ali e pediu para eu conversar novamente com o médico de plantão sobre a possibilidade de alta a pedido.

Este médico, me disse que poderia conceder a alta e a prescrição na segunda-feira (28.06), caso ela viesse a aceitar e seguir a nova prescrição que ele faria. Tal prescrição consistia em 40mg de Olanzapina dividido em duas ofertas diárias, via oral, e Neozine a noite caso insônia. Comprometi-me a ficar lá pra ofertar os comprimidos pois a equipe referia que ela recusava quando eles ofertavam. Garantiu-me que os outros médicos não mudariam essa prescrição, mas me alertou que cada um tem um racicocínio diferente. Na 6a e no sábado a medicação veio certinha e a paciente aceitou sem dificuldades. Quando retornei ao HPAP no domingo cedo, fui me informar se ela havia tomado a medicação das 8h e para minha surpresa, não havia sido administrada pois estava em falta. Perguntei por que não me avisaram e pediram para comprar. Fiquei indignada, todos me viam ali, durante todo o dia; quando eu ia embora, avisava a equipe, mas ninguém avisou que faltaria o remédio novamente.

A enfermagem pediu para eu conversar com o médico de plantão mas me disse que aquela medicação estava errada para minha tia pois ela tinha retardo mental e que a medicação que tinha sido ofertada nos dias anteriores na verdade era de outro paciente. Achei completamente errado o que estava acontecendo e fui esclarecer com o médico. Eu estava bastante indignada e minha conversa com o médico não foi fácil; ele começou a gritar e estava visivelmente descompensado. Disse que não conhecia o caso da minha tia, que não acompanhava ela, que estava de plantão só de final de semana e que não podia fazer nada se o remédio havia acabado, que não podia adivinhar que eu poderia comprar a Olanzapina e já havia prescrito um novo esquema terapêuico.

Nessa altura minha tia já tinha tomado a 1a injeção de Aldol do dia, pois estava extremamente agitada. Após nós dois nos acalmarmos, ele prescreveu os medicamentos para eu comprar e propos um novo esquema com a Olanzapina, agora de 10mg ao dia, com Aldol de SOS para agitação, Ibupril para dor (ela está no período pré-menstrual) e Neozine caso insone. Coloquei todas as minhas queixas pontualmente a ele e novamente negociamos a alta a pedido. Ele me pediu para assinar o documento de alta a pedido. Assim eu o fiz, mas informei que só poderia retirá-la a partir de hoje, pois estava sem rede de apoio para onde levá-la. Ele concordou que eu poderia levá-la na segunda, mas avisou que seria outro médico que estaria de plantão. Este médico, também me orientou sobre a necessidade de fazer exames de investigação, pois ela poderia estar com alguma outra coisa causando dor e devido ao retardo e a esquizofrenia, ela não conseguiria expressar corretamente.

Perguntei se poderia colher o sangue lá, ele me informou que não tem laboratório no HPAP. Me orientou também sobre o risco da Olanzapina desenvolver diabetes e eu o informei que a mãe da MHRA é insulino-dependente. No decorrer daquele domingo, ela ficou muito mais agitada e precisou da 2a injeção de Aldol. Tomou o comprimido de Fernegan, sem dificuldade. Porém, o que ocorreu foi mais agitação, com mais confusão mental, circunlóquios, perseverações e heteroagressividade. Fui manejando com dificuldade para tentar avitar uma contenção. Deu certo. Sai de lá e outra tia (irmã da paciente) ficou com ela até 20h. Na segunda-feira, soubemos que durante a noite como a agitação aumentou, ela precisou ser contida. Durante o dia da 2a feira, ou seja, hoje, foi contida novamente e quando a acompanhante chegou, a encontrou toda urinada, amarrada na sala de contenção.

Minha família que estava se organizando para levá-la para casa e continuar o tratamento prescrito agora está com muito medo e acreditando que ela precisa ficar no “hospital”. Questionamos a possibilidade de uma transferência para um hospital onde possa ser realizado um investigação clínica e que um único esquema terapêutico seja seguido. Não consigo mais despensa no trabalho para acompanhá-la e outros membros da família também não conseguirão permanecer o dia todo com ela. Ela volta a ficar exposta a todos os riscos já relatados antes. Acaba agredindo e sendo agredida e levada para contenção, sem benefício nenhum, pois para ela não há aprendizado com essa punição. Porém, sabemos que se ela está lá sozinha a contenção ao mesmo tempo a protege e protege aos outros de novas agressões. Porém, não podemos descartar que a maneira como elas são contidas, já é uma agressão.

15 dias depois…

Seguimos na esperança de encontrar algum norte breve para ajudá-la e aliviar o seu sofrimento  e de toda família.Estamos desesperados! Minha tia foi contida duas vezes hoje. Numa delas se urinou toda. É desesperador porque não vou conseguir acompanha-la durante todo o dia pois tenho que trabalhar. Segue o relato que você me pediu. Mas, sinceramente, não temos mais intenção em deixá-la no HPAP. Conversei com minha sogra que é da secretaria de sáude de São Bernardo e ela me disse que suspeita que minha tia possa estar com hipotireoidismo agravando todo o quadro. minha tia nunca foi assim. Ela só está piorando!!! Já passou por tantos horrores nesse hospital que mais adoece do que trata. Desde a arquitetura até a interação com a equipe, tudo parece uma prisão. Não dá para ficar lá. Por favor, se for possível, você disse no email a Mirsa que se fosse caso de primeira crise sua equipe poderia acolhe-la. Pelo amor de Deus, passou excelentes recomendações sobre você e sua equipe. Nos ajude! Não nos deixe no HPAP. Refleti sobre sua proposta de tentar o ajuste medicamentoso no HPAP, mas imagino que isso deve levar dias e não poderemos acompanhá-la neste período. Já roubaram tudo dela: calcinha, vários pares de chinelo, a prótese dentária (que conseguimos recuperar), agressão física e inclusive ocorreu o relato de que  ela havia sido molestada sexualmente …. Vimos as marcas nos seios dela. Questionamos à equipe, mas ninguém viu nada e nem tem como eles verem, pois só saem daquele posto de enfermagem para medicar, conter ou avisar que é hora do lanche. No restante do tempo assistem À Tv na copa do posto.

Não sei se seria possível, mas qual seria a possibilidade do psiquiatra de sua equipe nos ajudar a fazer o ajuste da medicação em casa? Ou dela ser transferida para outro hospital?
Mais uma vez clamo a você por ajuda, que seja orientação sobre o que fazer. Mas que não seja permanecer no HPAP, pois ela não tem condições de ficar lá sozinha, agressiva, perdida nela mesma, contida de forma bruta quase que punitiva. Como ela disse ontem para mim “Eu não era biruta assim” em meio a muito choro, desespero e a crença de que vai morrer lá.

Obrigada pela sua solidariedade e compromisso em responder minhas ligações,
Abraço,
SAL

* * *

depois de muita mandinga MHRA está em casa. Mas, não esquece a violência da internação. Todas as pacientes se queixavam da prisão. Muitas sofreram violência dos maridos e amantes ao longo da vida. A sexualidade e a espiritualidade são os assuntos que mais “enlouquecem” suas trajetórias…

Brasília, 25 de novembro de 2010

November 5, 2010

Essa é a Ellen Oléria . Reversa ! Minha mana-mestra, segue a rima:

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 3:09 am

SAlve !

a minha nova poesia é antiga poesia, eu me vi sozinha, força feminal aha

escrevo sem ter linha, escrevo torto mesmo. Escrevo torto, eu falo torto, pra seu desespero. é só minha poesia, antiga poesia, repito, rasgo, colo poesia, eu nao sou mais menina, a minha poesia é poesia combativa

a banda é feminina, a luta é feminina

salve as negras do sertões, as negras da bahia, salve ! Clementina, Leci e jovelina, salve ! nortistas, caribenhas, clandestinas, salve negras da américa latina

A baixa autoestima da dona maria, da sua filha, da sua prima e sua vizinha, isso me alucina, isso me intriga e vc não entende o que significa FE-Mi-NIS-TA ?

Tive que trabalhar, não pude parar, guerreira, estradaria, capoeira, na ginga
disseram pra neta, que a vó vai pirar analfabeta, com dor doida acaba, mas ela NAO !

minha vó formou na vida, nunca soube o que é reprovação. Eis a questaaao !

November 3, 2010

aruandanças

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 3:46 am

Aruandanças

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 3:40 am

October 29, 2010

aruandanças

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 6:59 am

Basta ser honesta, e desejar profundo ! dedicação ao amor !

October 21, 2010

Acordes

Filed under: General,NA AVENIDA — mandinga @ 7:39 am

Mais um encontro para estudos com a mestra Ellen Oléria. Me impressiona a didática, me impressiona o canto espontâneo solto na fala, me impressiona o cuidado comigo e consigo, me impressiona a leitura de mundo. Ela conta um caso lindo sobre o pai, daquele jeito que só quem traz no peito o bom da vida sabe contar…

Hoje, o preto velho me impressionou. Me perguntou como está meu coração . Eu respondi que de tanto apanhar não consegue nem ficar em pé. Daí ele disse, quem tem muito amor pra dar sempre se levanta. Tens muito pra dar, apenas isso. Muito amor pra servir. Quem cai é quem não tem nada no peito, a ponto de nem conseguir receber, perceber… nem se conectar com o essencial.

Mas, voltando pra Ellen essa preta velha nova. Diva no meu tempo. Desde que a terra tremeu em nosso primeiro encontro para estudos musicais, seguimos marcando a sintonia em surpresas incríveis.

Com ela saio do espaço. A Ellen me leva a muitos lugares. Acessamos poucas fronteiras, tem coração, reflexão, qualidade e tesão em música. Ela “É” daquilo… Ali dedilhando as horas vou com ela das emoções abertas aos valores fechados. Temos regras: a de nos expressar pelo toque,e de nos alimentarmos em cantos. Com ela eu brinco o encantado ! (Aliás vo fazer um outro parêntese sobre essa expressão – minha amiga Rai costuma me perguntar se vou brincar o encantado, quando quer se referir as minhas idas ao terreiro. Muito bom ver a espiritualidade ser significada como uma brincadeira… encantada, ponto ao Norte). E se no primeiro encontro Ellen me fala até dos caruanas (entidades encantadas das águas do marajó – PA) nesse ela me traduz que musicalidade na vida passa por instrumento de ritmo, de melodia e de harmonia.

Nossa bastou isso preu decolar em metáforas! Do quanto era da harmonia, enquanto meu bem quando se tocava era pra marcar ritmo. E bem fora de compasso… E vou no enredo, penso no quanto me sinto o violão encostado na parede da sala. E que pra tocar vai ter de ser afinado antes. E quem sabe precise até de um novo encordeamento, pra vibrar melhor, né?

Montamos as escalas e acordes. Fim de aula. Aterriso: final da monotonia. Vendaval, o terremoto agora são nos meus sentidos. Tomo um pingado.Desço pra terceira avenida, caminhando pra digerir. Ali já avisto um negro alto de muita luz. Ele fala, em yorubá e sinto a força dos anjos. Já me derramo em lágrimas. Ali ao alcance: Akin. Filho do culto original, da península de Osun, na Nigéria. Professor de Yorubá, agradecemos juntos aquele encontro. Entre livros e utensílios ele fala da missão aqui no cerrado, da força do bem, da comunicação e da cultura. Ele é a mãe – áfrica num pedaço de homem. E todas minhas dores se curaram e uma chuva de gotas douradas lavaram.

Akin sabe do meu sonho de banho no rio, de caminhar pelo templo, da mamãe soberana, na sua terra matriz. Além de saber meus sonhos, começamos outros sonhos juntos. Fui coroada por muitas rainhas. Segui ao tempo, e lembrei de muitas intervenções da minha Deusa, em meus cursos, discursos e recursos.
De quando me levou por 5 dias pelas águas do Rio Negro, aquele espelho na superfície e banho âmbar no mergulho. A minha mãe Oxum que me acorda em sono, em sonhos, para dar de mamar a sabedoria. E sabedoria requer dedicação e humildade.

Sai do Akin saboreando os milagres candangos. Ali no Núcleo Bandeirante, onde candangos acamparam pra construir a nova capital. Bem por ai, decidida a construir um novo caminho com as maravilhas que me ofertam. Muita gratidão a ancestralidade e nossa conexão. Vale conferir a loja do Akin chama Oje Oja – o mercado da prosperidade – na terceira avenida, Núcleo Bandeirante – DF. Saravá !

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